Covid-19: lembrar é preciso, por todos aqueles que se foram...

Covid-19: lembrar é preciso, por todos aqueles que se foram...

A espécie humana possui uma enorme capacidade de se adaptar às condições de quaisquer eventos que lhe tragam dores ou sofrimentos, muitas vezes por um processo da necessidade de superação para continuar a sua jornada terrena ou simplesmente por um mecanismo comportamental evolutivo / seletivo, no qual acontecimentos de tais configurações devam ser arquivados em seu íntimo e resguardados apenas para si mesmo.

Não estou aqui fazendo conjecturas sociopsicológicas, mesmo porque não me cabe tal seara, mas como introito a respeito da enorme capacidade de superação que a humanidade possui em superar eventos tão dolorosos e de amplitude global, como foi a última pandemia da Covid-19, que ceifou até agora mais de 6,53 milhões de vidas no mundo, sendo que só no Brasil já superamos a marca de 685 mil pessoas, deixando milhões de pessoas severamente atingidas pela dor do luto, além das crônicas sequelas físicas e emocionais.

Aparentemente, neste curto espaço de tempo superamos nossas dores e nossas mazelas e estamos tocando nossos afazeres sob a ótica da recessão relacionada à crise econômica que ainda nos acomete, onde a morte dos nossos entes queridos ficarão resguardados apenas no coração e na memória daqueles que foram atingidos por esta terrível fatalidade, se assim quiserem definir.

A Covid-19 foi identificada no final do ano de 2019, sendo que em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde, enquadrava-a como “Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional” e, posteriormente já em março/2020, classificava-a como pandemia, passando a se disseminar pelo mundo inteiro e, tornando-se numa das pandemias mais mortais de nossa história recente.

No Brasil, conforme já exaustivamente discutido, foi apenas em março de 2020 que tomamos consciência da grave situação que se avizinhava, embora fontes mais esclarecidas já reclamavam providências desde janeiro do mesmo ano. Infelizmente, as medidas preventivas foram ignoradas pelos nossos governantes, enquanto as mortes grassavam pelos hospitais diante de uma nova e desconhecida pandemia, cuja busca pelas vacinas ainda ensaiavam os seus primeiros passos no mundo da ciência.

Cerca de seis meses após, o alívio pela formulação das primeiras vacinas contra a Covd-19 no mundo, reacende a esperança em nosso país, porém, mais uma vez nossos governantes numa disputa imbecilizada e negacionista defenderam tratamentos não recomendados pelos cientistas do mundo todo, tal como o tratamento precoce, e por motivos mais obscuros renegaram a aquisição das primeiras vacinas, que chegariam ao Brasil somente em janeiro de 2021.

Neste ínterim, já eram decorridos um ano após o início da pandemia, assim como verificava-se um atraso de pelo menos dois meses em relação aos processos vacinais pelo mundo, onde certamente predominava uma gestão pública mais civilizada, técnica e eficiente sob o ponto de vista científico, o que pode ter sido responsável pela provável morte desnecessária de pelo menos 300 mil brasileiros que já poderiam ter sido vacinados, pelo menos em suas doses iniciais.

Hoje, passados menos de dois anos da primeira leva de vacinação, temos ainda um quadro complexo e ineficiente no tocante as estratégicas de enfrentamento da pandemia que se foi, mas que certamente permanecerá de forma epidêmica, assim como todas as outras doenças causadas pelos vírus, o que nos enseja uma preocupação para muito breve em nosso país, pelo somatório de crises integradas que surgirão no decurso do tempo, especialmente numa gestão central estapafúrdia, inábil e não atreladas aos conhecimentos próprios do mundo moderno.

Se analisarmos os números de vacinados nas diferentes faixas etárias no Brasil, podemos verificar que o processo vacinal está muito aquém do recomendado pela Organização Mundial da Saúde, observando-se que já tivemos o chamamento das diversas faixas etárias no tocante a obrigatoriedade e disponibilidade das quatros doses, incluindo as doses de reforços. Há que se lembrar também, da falta de consciência coletiva de grande parte da população, em relação do que representa o ato de imunização vacinal, associados a questão da falta de conhecimento e ignorância, agravados pelo respaldo da disseminação criminosa das fake news

Faço toda esta explanação, como alerta, e em função da imobilidade (irresponsabilidade) que prevalece entre os responsáveis no que diz respeito a necessidade de avançarmos minimamente num planejamento estratégico, diante de um possível recrudescimento que estas pandemias virais podem representar no curto e longo prazo, assim como em relação a disponibilidade das futuras doses de reforços que poderiam nos proteger, especialmente contra as sublinhagens BA.1, BA.4 e BA.5, variantes da Ômicron.

 

Imagem de iXimus por Pixabay 

Compartilhar: