Economia Circular & Sustentabilidade socioambiental

Economia Circular & Sustentabilidade socioambiental

A economia circular pode ser melhor compreendida quando associamos o desenvolvimento econômico em composição a uma otimização na utilização dos recursos naturais, por meio de novos modelos de negócios, envolvendo os processos de manufatura e produção a uma menor dependência de matéria-prima virgem, além de promover a utilização de insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis. Fundamenta-se, em ações práticas que possam repensar a maneira de projetar, produzir e comercializar os produtos em toda a sua cadeia produtiva, garantindo o emprego e a recuperação dos recursos naturais, ou seja, representa um sistema produtivo socioeconômico e ambiental que defende uma nova forma de relacionamento entre os recursos naturais e a sua exploração de forma racional pela nossa sociedade de consumo.  

Estes princípios são essenciais na cadeia produtiva, na medida em que nossa sociedade consumista, passa a produzir resíduos em grande escala, comprometendo todo o sistema, uma vez que estes resíduos não se configuram como naturais, provocando desequilíbrios na cadeia da matéria/energia, em termos de sustentabilidade ambiental e, em consequência da cadeia socioeconômica de todo o processo. Exemplificando, imaginem todas as formas de resíduos produzidos e descartados diariamente em sua casa, daí, imaginem como estes resíduos poderiam ser reciclados e reutilizados como insumos para a produção de novos produtos, da mesma forma como os lixos orgânicos domésticos produzidos, poderiam ser reutilizados sob a forma de adubação orgânica no ciclo dos nutrientes (conversão de matéria orgânica em inorgânica) para os vegetais, que representam a base da cadeia alimentar na natureza.

Estes procedimentos estratégicos, que embasam a economia circular já ocupam um espaço de liderança no mundo atual, devendo avançar e impactar mais ainda o futuro da economia mundial, embora em países mais obtusos e menos desenvolvidos, tais processos ainda caminham com algumas dificuldades. Alguns estudos apontam que a economia circular deverá representar brevemente uma oportunidade de negócios estimada na casa de um trilhão de dólares. Em outras palavras, verificamos que a economia circular representa um novo conceito estratégico de planejamento, redução, recuperação, reutilização e reciclagem de materiais e energia.

Para qualquer processo de implementação do modelo de economia circular, tanto no setor público, mas especialmente no setor privado (empresas), é essencial que as organizações desenvolvam e apliquem novos modelos negociais que venham agregar valor ao produto final ou serviços produzidos, processo este que implique em novos modelos com maior vida útil e durabilidade, assim como facilite a transformação de produtos e serviços em matéria-prima para outros produtos num formato de ciclo contínuo, contrariamente, aos interesses da obsolescência programada persistentes na maioria das indústrias atuais. 

No Brasil, um dos grandes desafios seria avançar no processo de reciclagem de forma mais eficiente e com menor custo, considerando-se que o processo de reciclagem implica em novas tributações ao produto, elevando os custos do produto final para um custo maior do que para um novo produto. Entretanto, dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2019, demonstram que no Brasil, 76% das empresas já buscam alguma forma de economia circular, tais como o reuso de água, reciclagem de materiais e logística reversa. Igualmente, esta mesma fonte aponta que cerca de 88% dos empresários brasileiros consideram a economia circular como importante para a indústria nacional, principalmente por entenderem que esta prática pode contribuir para a geração de empregos intraorganizacionais, uma vez inseridos na cadeia produtiva do próprio setor.

Em termos de gestão pública, é essencial a definição de políticas públicas que venham criar novas ações práticas com o objetivo de evolucionar e propagar o processo de reciclagem como um evento vantajoso e lucrativo para os setores públicos e privados, tal como ele é, não apenas do ponto de vista de sustentabilidade ambiental, mas como um processo integrado envolvendo todas as partes (stakeholders), especialmente a sociedade onde a mesma se insere.

Neste contexto, o modelo aplicado deve ensejar o surgimento de novas oportunidades estratégicas, envolvendo uma oportuna redução de tributações, além das questões relacionadas aos preços da matérias-primas, limitação dos riscos de fornecimento, melhoria nas relações com o cliente, efetividade na competitividade econômica e no ganho de valores intangíveis do capital empresarial, proporcionados pela correta preservação dos recursos naturais e sustentabilidade ambiental.

Evidentemente, ao final, o sucesso de um processo de economia circular depende preponderantemente da própria sociedade, enquanto agentes consumidores. Logicamente, as empresas devem prioritariamente, traçar as suas políticas e diretrizes em relação ao processo de fabricação/elaboração e disponibilização dos produtos e serviços, ao passo que, a partir daí os consumidores deixam de ser coadjuvantes processuais e passam a ser atores principais, pois caberão aos mesmos a definição e opção de consumir ou não, determinados produtos. Em outras palavras, isto significa dizer que, nesta complexa configuração comportamental por parte da sociedade consumista, nenhuma iniciativa, por mais efetiva que seja, conseguirá atingir os seus objetivos, se não estiverem minimamente atrelados aos princípios básicos de educação e conscientização de consumo sustentável.

Imagem: https://br.freepik.com/vetores-gratis/icone-de-reciclagem-vetor-simbolo-de-conservacao-ambiental_16265851.htm#&position=40

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