Educação, Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento

Educação, Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento

Nunca a legitimidade do termo “ciência” e o “método científico” estiveram tanto em evidência como atualmente, assim como os seus processos de desconstruções falseadas nas contrainformações propagadas pelas tecnologias criadas pelos mesmos, que anteriormente objetivavam outros fins mais altruístas.

Na desenfreada caminhada sob a tutela do “marketing” capitalista, quaisquer produtos de consumo trazem acostados, à sua moda e interesses, o pregão de que são frutos legítimos da ciência, das pesquisas científicas e, portanto, das indispensáveis e modernas tecnologias, ainda que não seja este o seu objetivo principal.  

Na realidade, a definição do que realmente seria ciência não é tão simples assim, uma vez que a ciência também não é inquestionável, pois todas as afirmações tangíveis ou intangíveis resultantes das pesquisas científicas (práticas das ciências) carecem de fundamentação e sujeição a testes que devem seguir rigorosamente o método científico.

Em outros termos, as resultantes do desenvolvimento científico, embasadas na ciência, devem sujeitar-se, independentemente de quem acredita ou não, aos mesmos resultados e conclusões, assim como negá-las ou refutá-las sob a análise em seu processo de construção, uma vez que ela não é dogmática e tampouco autoritária.

Ao longo da história da ciência tivemos inúmeros pensadores, muitos até esquecidos, que contribuíram com suas ideias, muitas vezes extravagantes e outras até avançadas para a sua época, mas que ao longo de uma trajetória evolutiva de interações e experimentações empíricas ou não, resultaram nos avanços da ciência e da tecnologia do que temos hoje, talvez até de forma muito vertiginosa.

Desde os mais antigos como Aristóteles, Galileu, Newton, passando por Karl Popper e mais recentemente Thomas Kuhn, que apresentaram ideias relacionadas aos paradigmas e revoluções científicas com base em fatores sociológicos, o que permitiu estabelecer e ordenar os diferentes estágios de evolução da ciência ao longo do tempo.

O desenvolvimento científico como salvaguarda da sobrevivência ou da melhoria na qualidade de vida da humanidade, teoricamente deveria atender de forma homogênea as demandas da sociedade como um todo, entretanto, da mesma forma que ela se distribui de forma desigual, também se desenvolve heterogeneamente em função da exigência do vultoso valor dos recursos financeiros demandados como investimento das descobertas científicas.

Não coincidentemente, as grandes descobertas promovidas pelos investimentos na ciência e nas modernas tecnologias, que proporcionam grandes impactos socioeconômicos nos mais diversos setores, são oriundos de países que mais investem no setor e que, portanto, mais lucram com os seus resultados em termos financeiros e de mando político, escudados na capacidade de identificar, desenvolver e solucionar os novos paradigmas científicos. Parece simples, mas infelizmente os nossos gestores, talvez por falta de capacidade cognitiva não conseguem assimilar tal evento.

Discutir a diminuição das diferenças sociais, especificamente a questão da pobreza é muito complexo, mas evidentemente só poderemos iniciar este processo por meio do desenvolvimento científico e tecnológico (que “a prori” implica em Educação), embora esta ideia pontual e localizada pareça um tanto xenófoba. Mas, uma nação, em seu conceito mais rasteiro, que fica na espera que outros países solucionem seus problemas, certamente sucumbirá ao caos da miséria, da doença e da fome.

Embora o Brasil tenha apresentado bons resultados nesta última década, está muito aquém do que deveria estar e, certamente os próximos números não serão tão alvissareiros assim. A maior parte dos indicadores utilizados institucionalmente são quantitativos e não qualitativos, o que desqualifica maiores discussões, além da necessidade de um referencial comparativo (América Latina não basta).

Deve ser ressaltado que temos excelentes recursos humanos nas áreas da educação, ciência e tecnologia, muitas vezes relegados ao ostracismo, assim como podemos apontar de forma contundente que nossas maiores produções científicas são oriundas de instituições públicas, o que evidencia a necessidade do estabelecimento de eficazes políticas públicas e investimentos no setor, o que certamente não tem ocorrido.

Entrementes, o que deve ser registrado é que nenhum país em quaisquer circunstâncias poderá aumentar a sua riqueza, elemento fundamental para uma justiça social que preconize a diminuição da pobreza e melhoria na qualidade de vida de seus cidadãos, sem as premissas de uma educação de qualidade, da construção pétrea de um desenvolvimento científico e tecnológico; que embora árdua, adversa e contraditória, representam a melhor forma de organizar/reorganizar a construção do conhecimento que de fato consolidem os alicerces de uma nação forte, livre e soberana.

Imagem de kalhh por Pixabay 

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