O ensino remoto em tempos de pandemia

O ensino remoto em tempos de pandemia

Em outubro do ano passado (2020), mais especificamente no dia 6 daquele mês, o CNE - Conselho Nacional de Educação, houve por bem publicar uma resolução que permitia com todas as instituições de ensino no país, sejam públicas ou privadas, utilizassem-se do ensino remoto até o final do ano de 2021.

Anteriormente, em junho de 2020, considerando-se que a pandemia da covid-19 evoluía de forma célere, mostrando uma forte tendência de agravamento, o Ministério da Educação (MEC) já tinha autorizado a prorrogação do ensino remoto até o final de 2020. Mediante esta autorização, as instituições de ensino tinham a permissão para substituir as aulas das disciplinas presenciais, nos cursos autorizados e regulamentados, por atividades remotas, utilizando-se de recursos pedagógicos mediados pelas tecnologias educacionais de informação e comunicação ou outros meios convencionais.

Posteriormente, o Ministério da Educação validou em dezembro de 2020, esta resolução do CNE, de 6 de outubro de 2020, permitindo e estendendo a autorização para o ensino remoto enquanto durar a pandemia (antes a resolução do CNE era até 31/12/2021), ou seja, esta forma de ensino vai perdurar enquanto durar a pandemia da covid-19. Conforme esta resolução "as atividades pedagógicas não presenciais (...) poderão ser utilizadas em caráter excepcional, para integralização da carga horária das atividades pedagógicas" quando houver "suspensão das atividades letivas presenciais por determinação das autoridades locais" e "condições sanitárias locais que tragam riscos à segurança".

Entretanto, embora pareça simples, estas atividades de ensino numa situação como essa, na prática é bastante complexa e depende das características específicas de cada disciplina ou curso, assim como das diversas modalidades e da forma como as instituições de ensino irão proceder em relação a educação ou forma de ensino a distância.

É preciso lembrar que, anteriormente à pandemia, haviam os cursos que eram ministrados a distância, utilizando-se de ferramentas tecnológicas diversas, porém de forma não sincrônica, ou seja, os materiais pedagógicos eram disponibilizados numa plataforma e os alunos acessavam quando possível (sem contato direto com o professor, exceto via e-mail, chats, etc.), assim como esclareciam suas dúvidas e faziam suas avaliações apenas pela plataforma (popularização do Moodle) de forma não assincrônica. Esta era a forma mais utilizada no âmbito do ensino a distância, principalmente por alguns cursos nas áreas de humanas e ciências sociais aplicadas.

Por outro lado, mesmo antes da pandemia, já existiam alguns cursos que ministravam disciplinas/cursos a distância, onde os alunos e docentes poderiam estar a milhares de quilômetros de distância entre si, utilizando-se de plataformas mais aperfeiçoadas e com os recursos das novas tecnologias da informação e comunicação, especialmente a internet e seu recursos midiáticos. Porém, neste caso, as aulas eram sincrônicas com o professor ministrando aula ao vivo (via internet), com os alunos assistindo aulas ao mesmo tempo, além da possibilidade de apresentação simultânea dos conteúdos por meio de templates e powerpoints e vídeos/videoconferências.

Com o advento da pandemia, houve a inesperada necessidade da continuidade do processo educacional, daí a necessidade das instituições educacionais em se reinventarem, assim como aos alunos buscarem as adaptações necessárias para esta nova forma de aprendizado. Neste processo, aqueles cursos de educação a distância não sincrônicas continuaram com as mesmas estratégias, ou com pequenas mudanças.

Entretanto, cursos que eram ministrados apenas presencialmente como o curso de direito, medicina, entre outros, tiveram que sofrer mudanças bruscas em suas metodologias, recorrendo especialmente ao ensino remoto, onde passaram a utilizar-se de recursos tecnológicos da web, sendo as aulas ministradas sincronicamente por meio de mecanismos que envolvem estrutura e recursos digitais de ambas as partes (aluno e professor). Felizmente, a evolução destas novas ferramentas, com a utilização de novas plataformas, ambientes virtuais de aprendizagens, notebooks, celulares, etc., ensejaram a possibilidade de continuidade dos diversos cursos, mesmo com algumas dificuldades pontuais.

Certamente, todos estes processos recursais na educação devem ser considerados estado de exceção, pois é imprescindível que os alunos se encontrem com seus pares e com seus professores, uma vez que é fundamental a convivência social em suas múltiplas formas e funções, pois que, o ser humano é essencialmente social e prescinde destas interações para se completar e evoluir de forma integral.

Portanto, é necessário entendermos e estarmos preparados para o futuro da educação, pois de uma forma ou outra, a pandemia vai passar e a caminhada do conhecimento deve continuar, com suas virtudes e suas mazelas, sejam por meio de aulas exclusivamente remotas, on-line ou presenciais, de forma gradual ou sob a forma de rodízio (ensino híbrido).

Pelo visto, seria nesta última hipótese que iremos encontrar os maiores desafios do educador pós pandemia, ou seja, na capacidade de reestruturação física e didático-pedagógica da educação formal, onde certamente o ensino híbrido, ou seja, a aplicação concomitante do ensino presencial mesclados com os recursos do ensino on-line, que ocuparão os seu devido espaço metodológico, pois acredito ser irrevogável tais processos, em todos os níveis do aprendizado formal ou informal, na atualidade.

Imagem de Mohamed_Hassan - por Pixabay

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