Rádios comunitárias como ferramentas no processo de educação não formal

Rádios comunitárias como ferramentas no processo de educação não formal

A utilização das novas tecnologias de informação e comunicação têm possibilitado uma grande evolução nos processos de ensino-aprendizagem, notadamente na educação não formal. Entre as diversas mídias, embora o rádio não seja tão novo assim, a rádio comunitária em sua nova roupagem, destaca-se como uma ferramenta com grande potencial para alcançar uma determinada população, atendendo aos seus interesses mais imediatos ou localizados, sejam específicos ou não.

Há mais de duas décadas foi aprovada a Lei da Radiodifusão Comunitária (Lei 9.612/98) no Brasil, e podemos garantir que houve um grande o crescimento das rádios comunitárias em suas diversas formas de atuação em frequência modulada (FM), com baixa potência (até 25 wats) e reduzido alcance (1 km de raio), e sempre vinculadas às associações comunitárias sem fins lucrativos, tendo seu registro junto ao Ministério das Comunicações.

Quaisquer obstáculos neste crescimento, são decorrentes das diversas formas de pressões a que estão submetidas as emissoras comunitárias, tanto em suas normativas de regulamentação, quanto para manterem-se no ar, tendo em vista o caráter voluntário de seus participantes. Algumas destas questões limitantes impostas pela Lei 9.612/1998, tais como alcance, potência e frequência, de associação por meio de rede, além do modelo de gestão financeira, foram parcialmente superadas mediante algumas novas proposituras de legislação mais recentes.

Neste aspecto, deve-se enfatizar também a enorme burocracia e falta de políticas públicas efetivas que permeiam o processo de legalização das rádios comunitárias, num sistema arcaico e patrimonialista, que tendem a favorecer apadrinhamentos políticos e/ou religiosos, e que acabam por repetir os modelos de rádios comerciais, nada possuindo de interesses comunitários, conforme asseguram vários estudiosos na temática.

Por meio de vários estudos e levantamentos feitos pelo nosso grupo e de outros estudiosos, podemos garantir com efetivamente que as rádios comunitárias correspondem atualmente a uma eficiente ferramenta de comunicação em desenvolvimento ascendente, com características de solidez e vigorosidade, especialmente em regiões mais periféricas das grandes metrópoles, assim como em regiões mais isoladas e interioranas do nosso país.

Por outro lado, é interessante observar que pelo mesmo motivo das mesmas atuarem em áreas periféricas, comandadas por grupos da própria comunidade, estas rádios eventualmente pouco impactam a agenda política ou mesmo lutam por maior audiência, o que gera um certo paradoxo. Explicando melhor, elas constituem-se num fenômeno em ascensão, em termos sociais e políticos, entretanto pouco conhecido por grande parte do grande público, invisível para além de suas bases ou de segmentos diretamente antagônicos, e pouco reconhecidos de fato, pelos principais tomadores de decisões políticas e de gestão.

Mesmo considerando-se as características de unidirecionalidade da rádio comunitária, ela proporciona um forte estímulo nas habilidades de audição, interpretação, elaboração mental e construção de cenários imaginários, retirando o ouvinte de seu papel passivo no processo de abertura e oportunidades de acesso aos novos aprendizados e conhecimentos, aliados a diversas outras fontes de informações, todos atrelados aos serviços de um processo educacional integrativo.

Finalizando, podemos asseverar que as rádios comunitárias contribuem enormemente para o incentivo na aquisição de conhecimentos diversos, proporcionado mudanças comportamentais positivas em relação ao processo educacional, sensibilizando e orientando a formação de cidadãos mais bem informados, conscientes e, portanto, críticos que saibam lutar por melhorias e bem-estar próprio, assim como da comunidade, por meio do desenvolvimento local com maior sustentabilidade econômica e socioambiental.

24. Imagem de Joe007 por Pixabay

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