Tempos de pandemia, tempos de reflexões

Tempos de pandemia, tempos de reflexões

Tempos de pandemia, tempos de e intolerâncias, tempos estranhos, tempos de falsos profetas e, sobretudo de explosões da ignorância e da má fé, quando até as mentiras mais subservientes atreladas à desinformação e ao medo se tornam o eixo central dos maquiavélicos manipuladores de toda uma sociedade.

Em tempos de incertezas, em tempos de miséria, em tempos de fome e pobreza, em tempos de pandemias que cotidianamente assolam a nossa humanidade, observamos mais uma vez o confronto entre as supostas razões e a total falta de noção e/ou incapacidade de discernimento entre os principais atores e seus coadjuvantes, nossos gestores públicos.

Numa análise mais direta ao foco da questão pandêmica, lembremo-nos que assim que começou a emergir de forma rápida e gradual, esta nova pandemia provocada pelo novo coronavírus (ocasionando a Covid-19), já trazia em seu bojo, o perfil de um enorme potencial destrutivo, identificados e diagnosticados pelos cientistas da área (infectologistas). Só não viu e/ou não entendeu, quem não quis...

Foi nesta seara, ainda pouco conhecida, que surgiram as primeiras cisões entre os profissionais da área, em relação aos procedimentos à serem adotados. Surgiram aqueles que se amparavam nas terapias embasadas em evidências científicas, defendendo cuidados preventivos por meio de processos comportamentais (distanciamento social, uso de máscaras e higiene pessoal), uma vez que ainda não existiam vacinas para tal morbidade, ou quaisquer outros medicamentos preventivos ou curativos. Ao mesmo tempo, ainda que não bastassem tais idiossincrasias, surgiram também neste cenário caótico os famigerados “sem noções”, que mesmo não sendo profissionais especialistas na área, passaram a recomendar e fomentar terapias sem fundamentações e comprovações científicas; estes mesmos que hoje se posicionam contra o processo de imunização por meio de vacinas e apregoam tratamentos curandeiristas.

Em tempos de pandemias, assim como em tempos de duras pelejas, quando as responsabilidades na condução das coisas públicas deveriam ser mais contundentes e efetivas, esta legião de desinformados, acompanhados por uma turba irracional e até por grupos organizados (subinstitucionais) passaram a adotar discursos e condutas ao seu “bel-prazer” e à luz exclusivamente de suas convicções pessoais.

Pior ainda, incrivelmente, ao longo de um ano de mortes, lutos e dores de toda uma nação, infelizmente em nosso país ainda existem aqueles que teimam em caminhar na contramão da maioria dos países mais avançados do mundo, instigados por quem de direito e dever/obrigação civil, deveria na prática, apontar o caminho do domínio da ciência e da responsabilidade de fato.

Da mesma forma, absurdamente, numa evidente omissão, alguns órgãos e entidades de classe (ou não) acompanhados pelos seus “stakeholders”, que deveriam reagir a estas sandices na gestão de políticas públicas para a saúde, na maioria das vezes calaram-se, numa forma de autodefesa estranhamente preocupante e danosa para toda a nossa sociedade; que pagaram, pagam e pagarão com seus mortos!

Não são críticas sem fundamentações, uma vez que restou bem claro que houve uma surda inação de alguns conselhos e, inclusive por parte de vários outros órgãos públicos, aos quais caberiam as atribuições legais em relação as tomadas de providências. Entretanto, todos se eximiram de suas responsabilidades regulatórias, permitindo que determinados grupos ou pessoas atuassem livremente, sem intervenções, na propagação das contrainformações sem nenhuma comprovação quanto ao controle médico sanitário desta famigerada pandemia.

Infelizmente, são nestas circunstâncias, nas quais deveriam prevalecer o entendimento e a preservação dos interesses coletivos, evidentemente tão massacrados pelos interesses individuais – numa nação supostamente solidária; que constatamos a inobservância dos encaminhamentos mais corretos em relação aos tratos das coisas de interesses públicos, enquanto sociedade organizada.

Há muito que aprender, há muito que ensinar, há muito que refletir, há muito ainda para evoluir como gente, como sociedade e como nação!

Imagem de Martin Winkler por Pixabay

 

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