COISA MAIS LINDA: vamos maratonar?

COISA MAIS LINDA: vamos maratonar?

Como é bom tirar um tempinho do nosso dia para relaxar e colocar as séries em dia! Com uma nova concepção sobre a relação entre tempo e distância, observamos que até as formas de distração mudaram – por exemplo, assistimos a programas diversos pelo celular, computador e TV. Os relógios estão cada vez mais acelerados e o tempo é precioso, mas entre tantos afazeres, não há nada como maratonar aquela série recomendada pelos amigos. Nesse momento, podemos contar com plataformas de streaming como a Netflix, que está revolucionando o mercado de entretenimento.

 As séries estão aí, borbulhando entre pessoas cheias de coisas para fazer, mas que ainda assim precisam ver o próximo episódio. Por isso, maratonar séries já faz parte do cotidiano de diversas gerações, ou seja, assistir temporadas inteiras em pouco tempo tornou-se comum! Entre tantas responsabilidades há a necessidade de estar em dia com os seriados, afinal, durante o cafezinho com os colegas de trabalho ou em uma mesa de happy hour o assunto mais abordado pode ser aquela série indicada por eles. Foi o que aconteceu com a série Coisa mais linda que, bem aceita pelo público e abordando temas tão polêmicos, garantiu a confirmação de sua segunda temporada.

Coisa mais linda é o primeiro drama de época brasileiro produzido pela Netflix e possui sete episódios em sua primeira temporada. A história se passa em meados dos anos 1950, no Rio de Janeiro, contando o surgimento da bossa nova e acompanhando a trajetória de quatro mulheres – Malu (Maria Casadevall), Adélia (Pathy Dejesus), Thereza (Mel Lisboa) e Lígia (Fernanda Vasconcellos) –, com os desafios e dificuldades que as personagens encontram no decorrer da trama.

Em cada episódio as personagens lidam com uma dificuldade diferente: Malu sonha abrir seu restaurante no Rio de Janeiro, no entanto, descobre que seu marido fugiu com a amante e seu dinheiro. Já Adélia é negra, empregada doméstica e pobre. Lígia sempre teve o sonho de ser cantora, mas frustrou-se devido à opressão e à agressividade do marido. Thereza é a única das quatro amigas que provou um pouco da liberdade: jornalista, ela viveu na Europa, possui um casamento aberto, é bissexual e luta pela presença feminina no mercado de trabalho.

Se nos tempos atuais as pessoas estão mais inclinadas a discutir, por exemplo, política e direitos humanos e os internautas têm buscado por assuntos reais, Coisa mais linda cumpre belamente esse papel. A série aborda a perspectiva de mulheres que, no período da década de 1950, já enfrentavam problemas e escolheram lutar contra as desigualdades sociais e de gênero. Hoje não é diferente, ainda vemos que mulheres recebem menos que homens – a história é de época, mas segue sendo muito atual.

São por questões como essas abordadas na série, e continuamente reproduzidas na vida real, que é possível compreender a maratona, ou as maratonas, que mulheres de todas as classes e idades precisam correr: os problemas conjugais, a falta de oportunidade no trabalho, a dificuldade de cursar o ensino básico ou o ensino superior, o medo de se posicionar mulher em um ambiente totalmente masculino, a difícil escolha em não ser mãe e a luta constante por sua liberdade.

Essas maratonas percorridas já nos levaram a várias vitórias, mas ainda há muito a vencer. Isso é algo constatável historicamente e que os sujeitos de hoje esperam encontrar, isto é, uma volta ao passado através de memórias que possam relembrar a jovialidade vivida e a descoberta de um passado ainda desconhecido. E mesmo em uma sociedade hiperconectada, com tanta coisa para fazer, sempre dá tempo de maratonar aquela série que diz tanto sobre nossa realidade.

Que tal maratonar a série Coisa mais linda? É importante saber que não é uma superprodução, no entanto, ganha muito ao refletir sobre histórias de lutas do passado que ainda são muito atuais, sem medo de apresentar o conteúdo ao público, sendo um espetáculo vivido e protagonizado por mulheres que precisam enfrentar sua realidade, a fim de ganhar seu devido espaço na sociedade. Logo teremos mais episódios disponíveis para suprir o defeito que toda temporada maratonada possui: deixar o desejo de saber urgentemente como a história continua!

Profa. Mariane Gois

Profa. Dra. Elaine Assolini

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