CONSTRUTIVISMO: alguns pontos para discussão

CONSTRUTIVISMO: alguns pontos para discussão

Os trabalhos realizados por Ferreiro e Teberosky (1988) ajudam-nos a refletir sobre o processo de alfabetização.  Essas pesquisadoras buscaram compreender como as crianças aprendem a ler e a escrever.

As estudiosas, Ferreiro e Teberosky divulgaram os resultados de suas pesquisas no livro Psicogênese da Língua escrita, lançado no Brasil em 1989. Ferreiro (1993) afirma que a alfabetização pode ser alcançada pela criança, desde que ela percorra um caminho de níveis, começando no denominado nível pré-silábico e chegando ao nível alfabético.

Nesse trabalho, o processo é entendido como o caminho que a criança deverá palmilhar, para entender as características, o valor da escrita e a sua função, desde que a escrita lhe seja colocada como um problema de aprendizagem. Assim, a criança deve formula hipóteses a respeito do código escrito, cabendo ao professor entender essas hipóteses, oferecendo-lhe atividades didático-pedagógicas que lhe permitam problematizar as hipóteses apresentadas.

 Cada nível possui suas características e particularidades em relação à aprendizagem da criança e, quando atinge o nível alfabético, poderia ser considera alfabetizada, de acordo com os postulados das autoras acima citadas.  Ao chegar a esse nível, alfabético, a criança ultrapassa a “barreira do código” (FERREIRO e TEBEROSKY, 1993).

Os estudos sobre o construtivismo foram e continuam sendo muito divulgados em nosso país; apesar de conhecido como “método” de alfabetização, o construtivismo, não pode ser assim considerado, uma vez que Assolini (2015), esclarece que “não se trata de um método de ensino, e, sim de uma proposta epistemológica, decorrente de investigações científicas sobre a aprendizagem e desenvolvimento humano relacionados à construção da escrita.”

Segundo Ferreiro (1993), essa teoria de aprendizagem requer que o sujeito seja pensado em sua singularidade, no que se refere ao processo de aquisição da escrita. O que temos então, é uma concepção de aprendizagem construtivista, não um método construtivista. Cabe aqui lembrar que Ferreiro e Teberosky (1988) limitaram-se, em sua pesquisa, a explicitar detalhadamente a evolução da escrita sem, entretanto, oferecer sugestões metodológicas para a alfabetização, ficando esta tarefa a cargo dos especialistas e professores da área. Trata-se de uma proposta teórica que não comporta nem prevê didática, estratégia ou procedimentos de ensino. Essa tarefa ficou a cargo dos especialistas e professores, e, em alguns casos, não foi bem realizada como afirmam Assolini (2015), e Tfouni, Assolini e Pereira (2017).

 A Teoria Discursiva de Letramento tal como proposta por Tfouni (1995, 1997, 2007) contrapõe-se e critica os postulados da Psicogênese, pois entende que a alfabetização é um processo que não acaba, já que a sociedade está em constante mudança; assim sendo, o letramento está sempre se renovando e as pessoas interagindo de novas formas com a leitura e a escrita.

Conforme a concepção de alfabetizar-letrando, no processo de alfabetização é fundamental que mostremos aos alunos a finalidade da escrita, bem como a utilidade social e prática da leitura e da escrita. A escrita não deveria ser trabalhada senão a partir de práticas discursivas que possibilitem ao educando entendê-la e olhá-la como um mediador entre ele, o mundo e o outro (ASSOLINI, 2008, p. 136).

Para a pesquisadora, é importante que a escola cuide tanto da alfabetização quanto do letramento, a fim de que o estudante possa aprender a ler, a escrever e interpretar, compreendendo o funcionamento ideológico da linguagem.

 

                                                           Profa. Letícia Morais Souza

                                                           Profa. Dra. Elaine Assolini

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