DICAS PARA USAR AMBIENTES VIRTUAIS NA ESCOLA

DICAS PARA USAR AMBIENTES VIRTUAIS NA ESCOLA

*Rodrigo Abrantes Silva

 

Ao longo da última década, as escolas presenciaram um aumento da presença da tecnologia digital em seu ambiente, digamos assim. Um dos motivos pelos quais isso ocorreu foi que cada vez mais alunos começaram a levar celulares para a escola. De fato, muitos relatórios sobre uso de tecnologias digitais têm mostrado que o celular tem sido o maior responsável pelo aumento da inserção de um número cada vez maior de pessoas na internet, sobretudo nas regiões mais remotas e com pouca presença de computadores. Se você está interessado em analisar estatísticas sobre este tema, recomendo que veja o relatório da empresa canadense de mídia, a HootSuite. E, para o contexto brasileiro, vale a pena acompanhar o estudo Juventude Conectada, da Fundação Telefônica. Você encontrará os links ao final deste artigo.

Quando começaram as discussões sobre usar plataformas, ambientes digitais, aplicativos, celulares ou tablets na sala de aula, era comum encontrarmos muitos educadores que consideravam o tema uma moda passageira. Conheci um professor que se recusou a usar o serviço de e-mail adotado pela escola e pediu demissão. Mas, nos últimos anos, não encontrei mais esse tipo de posicionamento. Pelo contrário, gestores, coordenadores e professores parecem estar convencidos de que a integração da tecnologia digital ao currículo é um assunto sério. Até porque a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê o desenvolvimento de diversos temas e habilidades relacionadas à cultura digital, tecnologia digital e pensamento computacional. A esse respeito, recomendo a leitura do Currículo de Referência elaborado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIED).

Diante desse cenário, muitos educadores estão em busca de recursos e abordagens para planejar atividades com uso de tecnologia digital. Coordenadores e gestores, por sua vez buscam prover a escola de infraestrutura que torne possível o desenvolvimento de trabalhos em ambiente digital. Isso envolve planejar a implementação de rede wireless e de dispor de equipamentos, notebooks ou tablets principalmente, cuja disponibilidade os professores possam considerar em seus planejamentos.

Após resolver a oferta de uma infraestrutura básica que proporcione acesso a equipamentos e à internet, vem a parte de pensar nos ambientes virtuais, conteúdos digitais e aplicações de software que vão compor o ecossistema digital da escola. Nesse momento, ganhará destaque nas discussões a escolha de um ambiente virtual para o uso pedagógico, ou seja, um sistema que possibilite ao professor dispor de uma sala de aula virtual para organizar materiais do curso, atribuições de tarefa, oferta de conteúdos multimídia, além de proporcionar recursos para o acompanhamento da aprendizagem dos alunos. Diante disso, as opções orbitam entre a escolha de um Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem (Learning Management System - LMS), como o Moodle, Blackboard ou Canvas. Vou comentar um pouco este tópico da discussão e sugerir alguns links para vocês conhecerem mais sobre o assunto.

Os sistemas LMS popularizaram-se na década de 1990, no contexto da expansão da Educação à Distância (EaD). Eles podem ser usados na educação presencial, porém é preciso considerar algumas questões. Para usar o Moodle, por exemplo, é necessário ter profissionais qualificados para operar o ambiente, ou seja, saber instalar, customizar segundo as necessidades da escola, gerir cursos, usuários e conteúdo e executar manutenção no sistema. Além disso, em termos de investimento, também é necessário ter em consideração a necessidade de hospedagem, um servidor local ou remoto.

Contudo existem outros caminhos. No contexto de expansão da tecnologia digital que comentamos acima, surgiram muitas startups com o objetivo de desenvolver soluções específicas para escolas. Esse é o caso do Edmodo. Fundado em 2008, o objetivo de Nic Borg, Jeff O'Hara, Ed O'Neil e Crystal Hutter era criar um sistema para ser usado em escolas de educação básica, no contexto do ensino presencial. Com esse objetivo, em seus primeiros anos, trabalharam com aproximadamente duzentas escolas do estado da Califórnia, com o objetivo de modelar o sistema a partir dos fluxos de trabalho dos professores. A partir de 2011, a plataforma estava disponível para ser usada mundialmente. Foi nesse ano que descobri o Edmodo e propus sua implementação na escola onde trabalhava, que possuía apenas um laboratório de informática e estava começando a investir em rede Wi-Fi. O Edmodo evoluiu muito desde então, e possui uma grande comunidade de usuários no Brasil. Alguns brasileiros também trabalham na sede da empresa, em Palo Alto, na Califórnia.

Daí temos os chamados gigantes da tecnologia. Google, Apple, Microsoft. Todos eles possuem hoje soluções para as escolas. Atualmente, quem está na liderança é o Google. Isso porque, com sua solução G Suite para as escolas, ele oferece armazenamento ilimitado no Google Drive, aplicativos de edição (textos, apresentações e planilhas), além da possibilidade de integrar muitos outros aplicativos por meio da Chrome Web Store. Além disso, os Chromebooks, notebooks com sistema operacional Chrome OS, são hoje equipamentos com bom custo-benefício e podem ser gerenciados por meio de uma conta G Suite.

Após escolher um ambiente virtual, chega o ponto principal, a formação da comunidade escolar: preparar alunos, professores, pais, para usar as soluções escolhidas. Separei as instâncias para finalidade de exposição, porém o melhor é que as partes sejam envolvidas desde o início do planejamento. Mas, enfim, a formação. Hoje as empresas também possuem recursos de formação para ajudar as escolas nesse processo. Assim, penso que o desafio é ajustar, as necessidades de apoio presencial e online, em conjunto com os cursos auto-instrutivos ou feitos em comunidades de aprendizagem mantidas pelas empresas.

Por fim, para ajudá-lo nesse processo de escolhas, compilei alguns links.

Na central de treinamento do Edmodo, você encontra vídeos e artigos para conhecer o sistema e as possibilidades de formação. Hoje esses materiais estão em inglês. Nos vídeos, há legendas em espanhol disponíveis. A plataforma pode ser disponibilizada em português, graças ao esforço de muitos professores que trabalharam voluntariamente para traduzi-la. Quanto aos materiais de formação, já tivemos recursos em português do Brasil. Eu mesmo produzi um vídeo tutorial de boas vindas e o próprio Edmodo chegou a cogitar abrir um escritório no Brasil, entre 2015 e 2016. Mas infelizmente essas iniciativas não vingaram. Mas cá está, não desanime, acesse o ambiente de treinamento e conheça mais. Clica: https://go.edmodo.com/training/

Para ter uma conta Google, sua escola precisa estar registrada no Ministério da Educação. Se estiver tudo certo, o primeiro passo é preencher um formulário para solicitar sua conta. Clica: https://gsuite.google.com/signup/edu/welcome#0

Após configurar sua conta Google, você pode começar a divulgar o curso básico dos recursos para o ensino. O curso está todo traduzido para o português. Clica: https://basicsforteaching.withgoogle.com/course

Depois de fazer o curso básico, e, também, para quem já usa o ambiente, a central de aprendizagem continuada é uma boa pedida. Nessa você encontra cursos sempre atualizados e as certificações disponíveis ao educador. Tudo em português também.  Clica: https://teachercenter.withgoogle.com 

Para completar os tópicos que mencionei neste artigo, deixo aqui o link para os relatórios de recursos digitais e para o currículo de referência, no contexto da BNCC:

Para acessar o relatório da HootSuite, clica aqui: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2019

Para o relatório Juventude Conectada, da Fundação Telefônica, o link é este: https://fundacaotelefonica.org.br/projetos/juventude-conectada/

E para o currículo de referência proposto pelo CIED, clique aqui: https://curriculo.cieb.net.br

Espero que este artigo tenha contribuído para que você possa usufruir e usar os recursos disponíveis para os ambientes virtuais na escola.

 

DADOS do AUTOR

* RODRIGO ABRANTES SILVA é doutorando em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, linha de pesquisa Linguagem, Cultura, Educação e Tecnologia, pelo Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP. Fez Graduação, Bacharelado e Licenciatura em História pela Universidade de São Paulo (USP). É pós-graduado em História Contemporânea pela PUC-RS. Atuou em diferentes projetos para a integração de tecnologia digital na Educação Básica, e na Universidade Virtual de São Paulo, UNIVESP, como monitor de alunos de graduação. Atualmente, é professor na Educação Básica.

E-mail: [email protected]

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