A ESCOLA DEVE SER BELA

A ESCOLA DEVE SER BELA

Venho defendendo há tempos que a escola deve ser bela, porque não é possível educar na beleza, na poesia, na arte e na paz em um lugar feio, descuidado e abandonado.

Saliento que eu disse bela e não rica, da mesma forma que são belas nossas casas, independentemente do tamanho, do tipo de construção ou de sermos pobres ou ricos.

Bela para poder nos sentirmos bem nela. São muitas horas que estudantes e educadores permanecem dentro da escola, que, em alguns casos, torna-se quase uma segunda casa. Bela para que sintamos prazer e alegria de vivenciarmos ali alguns dos muitos momentos importantes de nossas vidas.  Bela para que possa encantar os nossos olhos e almas.

Sinto-me entristecida, quando vejo escolas onde não há preocupação alguma com o belo, que abarca a limpeza, a organização e os cuidados com diferentes espaços e ambientes.

A problemática escola bela e cuidada requer gestão escolar ativa, integrada e disposta a escutar o que professores alunos, funcionários e pais têm a dizer. Muitas vezes, não se diz abertamente que a escola está descuidada, feia, largada. Esse assunto ainda parece ser pouco falado ou, em alguns casos, tratado como se fosse superficial ou periférico. Engano, equívoco, pois uma escola cuidada, onde os diferentes lugares e espaços são limpos, asseados, tratados, convida-nos ao estudo, à reflexão e à aprendizagem.

Recentemente, novos diretores de uma escola estadual de Ribeirão Preto chamaram os professores para lhes falar sobre a possibilidade de colaborarem com ideias e sugestões para melhorar os aspectos físicos da escola, cujas paredes estavam pichadas, vasos sanitários arrebentados, carteiras e mesas quebradas, além de vazamentos, buracos, portas e janelas arrebentadas. Alguns professores não puderam ajudar, outros entenderam que caberia somente à gestão escolar e aos órgãos de ensino.

Entretanto, um pequeno grupo dispôs-se a cuidar e melhorar a sala dos professores. A mudança foi visível, fala por si.  O que antes era um espaço quase fúnebre transformou-se em lugar agradável, iluminado, aconchegante. Interessante dizer que, hoje, é lugar de que todos gostam e onde sentem prazer de estar, incluindo aqui os profissionais que acharam que nada poderiam fazer para transformar o espaço e o ambiente.

 As transformações e os impactos positivos ocorridos nesse lugar, sala dos professores, mostra-nos que, juntos, podemos criar condições para melhorar o lugar onde estamos. Essas transformações e seus ecos expõem, metaforicamente, que a reforma não fora apenas física, mas indicia novos tempos, marcados pelo respeito e consideração profissional. Como diz a música do Belchior: “eu sinto vir vindo no tempo o cheiro de uma nova estação”

 A constituição da identidade profissional docente não pode abdicar do belo. Pensemos nisso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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