ESTÁGIO CURRICULAR: MOMENTO FORMATIVO

ESTÁGIO CURRICULAR: MOMENTO FORMATIVO

Quando pensamos no tema “estágio curricular” não é difícil lembrarmos da imagem de um jovem sentado no fundo da sala de aula, destacando-se por ser mais velho do que os demais alunos, observando o professor e anotando algo em um caderno. Mas, será que o estágio curricular, presente nos currículos de Licenciaturas, deveria ser assim realizado?

Pesquisas acadêmicas têm mostrado que não. Elas propõem não somente a observação, mas também reflexões, vivências práticas e intervenções na escola e na sala de aula.

Essas proposições, que têm fundamentado as diretrizes atuais de cursos de Licenciatura, destacam a postura participante dos estagiários, futuros professores. Assim, o estagiário, que passa a ocupar a posição de professor, sob a supervisão docente, pode ministrar aulas, envolver-se em projetos temáticos, desenvolvidos pela escola, ou, ainda, propor e efetivar projetos pensados no âmbito da universidade.

 O movimento de tornar significativa a vivência do estágio curricular para o licenciando aluno ocorre há muito tempo. Se observamos a história do próprio curso de Pedagogia, por exemplo, notamos que as Escolas Normais, primeira instituição para formação do professor, implantadas no Brasil, em 1835, já se detinham a essas questões. No ano de 1860, pela “Reforma da Instrução Pública do Estado de São Paulo” foram criadas as “Escolas-modelo”, vinculadas às Escolas Normais. Nesses espaços, as normalistas (a maioria eram mulheres) estagiavam sob supervisão de suas professoras. A preocupação com a prática pedagógica do futuro professor remonta, portanto, a essas épocas.

No entanto, mudanças ocorreram ao longo do tempo. As legislações educacionais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº. 9.394/1996, ao determinar que a formação dos professores seria realizada somente em nível superior, nas Licenciaturas, trouxe novos dilemas, já que não previa mais a formação pelas Escolas Normais. Outros dilemas referiam-se às questões da prática e da teoria pedagógicas: Um professor que “domina o assunto” (formação conteudista) ou o professor que “sabe ensinar” (formação didático-pedagógica). O que é ser um bom professor? O estágio é momento de praticar ou de refletir?

Os saberes teóricos e práticos acumulados pelo professor regente da sala de aula devem ser reconhecidos e valorizados pelos licenciandos, pois são elementos essenciais para sua formação profissional. O graduando aprende com o professor regente, a partir de seus fazeres e exemplos, bem como em situações de diálogos, interpretações, análises e discussões. Conhecer o cotidiano da sala de aula, as relações professor-aluno, os conflitos, problemas, desejos e expectativas constituem outros aprendizados importantes para o futuro professor, que poderá rever e ressignificar os conceitos de docência, escola, ensino-aprendizagem, avaliação, dentre outros.

Nesse sentido, destacamos a importância dos professores, que já exercem a profissão, receberem estudantes estagiários e oferecerem-lhes reais oportunidades de observação e intervenção. O estágio como espaço de aprendizagem da profissão é imprescindível para a inserção crítica, transformadora e criativa de jovens graduandos na vida profissional. Colaborar no processo de formação de futuros educadores é difícil mas também honrosa tarefa. 

 O estágio curricular permite novos olhares para a educação de maneira ampla, não somente ao graduando, mas também ao professor responsável pela sala de aula. Ambos podem aprender, (re) aprender e (re) significar seus saberes, práticas e identidades.

Esse relevante momento formativo, o estágio curricular, pode, assim, constituir-se em rica experiência, capaz de projetar rumos para a humanização de alunos historicamente situados e contribuir para que construam conhecimentos, habilidades, competências e valores, saberes centrais e necessários para a sobrevivência em um mundo cada vez mais complexo. 

 

Érica Mancuso Schaden

Filomena Elaine P. Assolini

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