A EXPERIÊNCIA DE SER INTEGRANTE DE UM GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS

A EXPERIÊNCIA DE SER INTEGRANTE DE UM GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS

A produção de conhecimento no decorrer da história foi fundamental para a vida humana, trazendo facilidades, economias e eficiências que tornaram o mundo melhor. Todo esse conhecimento veio por meio de pessoas que se dedicaram ao estudo e à pesquisa. Seres humanos como quaisquer outros, porém movidos pela curiosidade e desejo de descobrir, inventar e criar.

Com o tempo, percebeu-se a necessidade de se estruturar esse conhecimento e, ao mesmo tempo, de vê-lo sempre como provisório e inacabado, ou como uma parte do conhecimento amplo.

No Brasil, a pesquisa acadêmica nasce muito tarde; enquanto instituições de ensino superior no mesmo continente já tinham décadas de funcionamento, apenas nas décadas de 1930 e 1940 surgem as primeiras universidades brasileiras. De alguma forma isso talvez reflita até hoje no desinteresse de muitos estudantes pela pesquisa acadêmica, situação na qual também me vejo, pois nunca tinha parado para refletir sobre a importância da busca por respostas para as angústias e desafios da vida.

Inserir-me em um grupo de pesquisas após quase 8 anos da conclusão do Ensino Superior foi um fator muito importante em minha vida. Em 2016, após concluir uma disciplina como aluno especial da USP em Ribeirão Preto, conheci o grupo GEPALLE por meio da professora Elaine Assolini, que gentilmente me convidou a participar das reuniões semanais do grupo.

Gostaria de apontar as razões pelas quais fazer parte deste grupo específico foi um divisor de águas em minha vida acadêmica:

O GEPALLE me proporcionou mecanismos e oportunidades para aumentar não apenas meu vocabulário acadêmico, mas também formas de posicionamento diante de situações simples e complexas dentro da universidade, motivando-me a deixar de lado as meras repetições de dizeres e comportamentos e ajudando-me a assumir uma posição de autoria mais consistente. Refiro-me aqui aos simpósios, seminários, colóquios e outros eventos científicos que são constantemente divulgados no grupo.

O espaço onde os encontros do grupo ocorrem são muito importantes. O fato de estarmos dentro da Universidade de São Paulo, que foi a primeira universidade brasileira, cria um sentimento, ao menos para mim, de que ali a mediocridade não é bem-vinda. É algo subjetivo, talvez simbólico, mas o local onde o grupo de estudos e pesquisas se reúne é muito significativo.

O horário de encontro do grupo é limitado a três horas semanais, porém, há inúmeras oportunidades de interação por meio das redes sociais, onde compartilhamos outros sentidos do que foi estudado no encontro, trocamos ideias e somos constantemente provocados à reflexão.

A frequência dos encontros traz consigo a noção de continuidade, algo que tem uma sequência e objetivos a serem alcançados; no caso, nossos encontros são todas as quartas-feiras, sendo a última de cada mês dedicada à reunião da direção executiva do grupo.

As designações de leitura dão aos integrantes a oportunidade de participar ativamente do grupo, pois, ao ler antecipadamente o que será estudado e debatido no encontro, temos a chance de expor nossos pensamentos sobre o tema abordado, contribuindo para o enriquecimento das análises e discussões.

As reuniões também nos possibilitam estarmos a par do andamento das pesquisas e projetos de mestrado dos colegas de grupo, dando-nos, assim, uma noção do que se espera de um pesquisador.

A hora do intervalo é a hora de relaxar, compartilhando um alimento que foi generosamente doado e muitas vezes preparado pelos próprios integrantes e nisso, surge a oportunidade de conversar sobre qualquer assunto, aumentar o networking e desenvolver/fortalecer laços de amizade entre o grupo.

As confraternizações de meio e de fim de ano são momentos ímpares, que podem parecer alheias ao estudo acadêmico num primeiro momento, mas se analisadas a fundo contribuem para desenvolvermos talentos e habilidades, bem como a criatividade, ao participarmos de comitês específicos ou ao lidarmos com a organização de uma festa junina, ou amigo secreto por exemplo.

A pluralidade de ideias talvez seja o fator mais encantador dentro do grupo, pois seus integrantes vêm das mais variadas formações; por exemplo, temos integrantes da Pedagogia, Letras, Química, Direito, História, dentre outras. Todos trazem contribuições dessas formações e fomentam, assim, a constituição do grupo, bem como de seus indivíduos.

No GEPALLE descobri que existem muitos entraves para a pesquisa acadêmica, pois essa requer muito esforço, dedicação e autonomia, visando à produção de conhecimento que tenha uma função social e promova uma sociedade crítica, reflexiva e participativa. Mas é justamente desse esforço e dedicação que virão as grandes e valiosas contribuições para a humanidade.

Nunca imaginei que um grupo de estudos e pesquisas poderia proporcionar tantas oportunidades de desenvolvimento pessoal, ensino e aprendizagem, como encontrei no GEPALLE. Talvez isso ocorra porque é composto de pessoas que estão unidas no propósito de estudar e pesquisar ao mesmo tempo em que trazem ao grupo sua subjetividade e complexidade como seres humanos.

Fazer parte desse grupo de pesquisas me ajudou a perceber necessidades que eu nunca dei conta que me faltavam. Comecei tarde, é verdade. Mas o Brasil também começou e segue adiante, na esperança de transformar nosso modo de viver para que seja cada vez melhor, justo e mais ético.

 

Prof. Ricardo L. Mendonça

Profa. Dra. Elaine Assolini

 

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