A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Elaine Assolini
20 Jun 2018 09:55
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, brincar é um eixo norteador dessa etapa da educação; nessa direção, traremos a seguir de algumas especificidades da brincadeira, discutindo como essa atividade deve ser encarada no cotidiano das crianças.
De acordo com Vigotski (1987, p.35):
O brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.
Considerando essa importância nos vem um questionamento: a brincadeira deve ser sempre um momento de expressão livre, sem direcionamentos do professor?
Essa forma de encarar a brincadeira (livre ao extremo) parece carregar a concepção de que ela é uma atividade inata, concebendo-se assim que por serem crianças, todas sabem brincar, e, sozinhas, podem criar infinidades de brincadeiras. Porém de acordo com Tunes e Tunes (2001, p. 86). “é falsa a ideia amplamente difundida de que a criança tem uma necessidade intrínseca e natural de brincar, bastando para tanto que tenha brinquedos.”
Essa brincadeira “livre” todos os dias quase não aumenta o repertório das crianças que brincam praticamente sempre das mesmas coisas. Essa forma de brincar não cumpre a função que as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil indicam para a importância da brincadeira no cotidiano da Educação Infantil. Dessa forma, observamos que, muitas vezes, a brincadeira está presente na rotina como uma forma de preenchimento do tempo.
Muito mais do que usar a brincadeira para preencher o tempo, o professor da Educação Infantil deve garantir experiências através da interação e o lúdico que “incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza” (DCNEI, 2010, p.26).
De acordo com Tunes e Tunes (2001), “a criança brinca não porque isso lhe traga prazer, mas muito mais como uma iniciativa de procurar resolver, imediatamente, necessidades suas, o que nem sempre acontece, dado o modo como se estrutura a própria atividade [...]” (p. 83, 84).
Isso posto, percebemos que o momento da brincadeira deve ser planejado e estruturado pelo professor, para que tragam desenvolvimento para as crianças envolvidas. Assim, percebemos o quão importante é a atividade do brincar, ao permitir à criança resolver algumas necessidades que lhe foram colocadas pelas vivências cotidianas.
Considerando a importância do planejamento das brincadeiras, salientamos, de acordo com Campos-de-Carvalho (2005), que
O espaço é um dos componentes ambientais de um dado contexto imediato e nunca é neutro, pois a mera presença (ou ausência) de determinados elementos em sua organização sempre está comunicando alguma mensagem, direta e/ou indiretamente, para seus usuários. (p. 191)
Com isso, percebemos que planejar o espaço e as possibilidades de brincadeira são pontos importantes que devem fazer parte do planejamento dos professores. É importante ainda entender que
(...) as dimensões do espaço são primordiais em um planejamento da organização do espaço, visando funções relativas ao desenvolvimento infantil, tais como: promover nas crianças segurança, conforto, identidade pessoal, estimular o interesse infantil nas atividades propostas, promover crescimento, competência e autonomia, oportunidades tanto para contatos sociais (entre crianças e com adultos) como para privacidade, etc. (CAMPOS-de-CARVALHO, 2005, p. 193).
Finalizamos essa reflexão ressaltando que a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento das crianças; com isso, o professor da Educação Infantil se torna corresponsável por esse processo e torna-se imprescindível que ofereça vivências diárias ricas e valiosas para seus alunos.
Profa. Letícia Moraes
Profa. Dra. Elaine Assolini
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
CAMPOS-de-CARVALHO, M. I. Contribuição da organização espacial em creches para a educação infantil. In: BOCK, A. M. B.; VARGAS H. M.; ROMERO, A. M. Psicología, educación y sociedade em México y Brasil. Un compromisso social para a América Latina. México-Brasil, 2005.
TUNES, E. e TUNES, G. O Adulto, a Criança e a Brincadeira. Revista Em Aberto, Brasília, MEC/INEP, v. 18, n. 73, jul. 2001.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
