LIVROS INSPIRADORES

LIVROS INSPIRADORES

 

Maria Luiza Collares Canassa

Profa. Dra. Elaine Assolini

Em tempos de pandemia, é comum e até esperado reclamarmos de tudo, tornarmo-nos pessimistas e melindrosos, reclusos em autocomiseração. Contudo, nessa quarentena, por meio da sempre eterna literatura, tive a oportunidade de conhecer Anne Shirley, personagem principal de uma série de livros intitulados com seu nome, que como nós tem todos os motivos para apresentar esses comportamentos, mas opta por reinventar suas atitudes diante das situações adversas.

Anne é uma órfã de onze anos que nunca foi adotada, mas passou sua vida trabalhando para uma outra família com quatro pares de gêmeos, em relação aos quais ela era responsável pelos cuidados, ou em um orfanato. Em meio à trama, Anne acaba sendo adotada por engano por um casal de irmãos, os Cuthbert, que, em princípio, queriam um menino para trabalhar na fazenda, mas ela cativa seus corações fazendo com que resolvam não apenas ficar com ela, mas adotá-la e educá-la. Ao final, nenhum deles podia contar com as mudanças que essa jovem menina traria em suas vidas.

O que os fez se apaixonarem por Anne? O que convenceu um velho casal a adotar uma jovem e estranha menina?  São perguntas que direcionam todos que leem a história a uma resposta. Anne era única - nunca houve alguém mais romântico, otimista, criativo, falante, cativante e inspirador como essa menina. Sua fala com escolha cuidadosa de palavras, seu jeito sempre imaginativo de ver o mundo para torná-lo mais bonito quando necessário, sua maneira única de ver e descrever tudo que a cercava, inclusive ela mesma, são características que a tornarão uma luz na casa muito escura dos Cuthberts. Entretanto, ela não é uma personagem rasa, que se mostra perfeita em todos os momentos – ao contrário, até os seus defeitos, como ser explosiva, são relatados e fazem parte da luta diária da jovem. O que fascina nessa história é justamente o fato de Anne ser como ela é e, de forma única, transformar a vida de todos que a cercam.

Pensando em tempos de pandemia, observamos que podemos ter muitos motivos para nos sentirmos mal, tristes e com pena de nós mesmos, sempre reclamando de tudo; porém, é preciso reconhecer que, ao agirmos assim, acabamos afetando não apenas o nosso bem-estar como a qualidade dos nossos relacionamentos. Assim, seria muito interessante se buscássemos nos inspirar no exemplo de Anne, que consegue ressignificar as situações difíceis que enfrenta em sua vida ao ver beleza em tudo; mesmo onde não há beleza, ela a cria: com sua imaginação transforma sua triste vida de órfã no que ela quiser. Nós podemos fazer o mesmo. Devemos buscar ser carinhosos, viver apaixonadamente cada dia, buscar a beleza em tudo, e criá-la onde não há, potencializando nosso sentimento de gratidão diante da vida. Dessa forma, tal como Anne, seremos inspiradores e mudaremos positivamente a vida dos que estão ao nosso redor.

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