A magia dos tabuleiros e do RPG

A magia dos tabuleiros e do RPG

Pense o seguinte: você e seus amigos embarcando em uma aventura em um mundo desconhecido, cheio de perigos, em que sua imaginação define até aonde é possível chegar. Pensou? Pois, então, é disso que se trata o RPG, sigla de Role Play Game, ou jogo de interpretação. Nele há o mestre, geralmente um jogador com bastante conhecimento do jogo, que sabe muitos detalhes e passa aos jogadores mais inexperientes as instruções sobre o que deve ser feito. O mestre define o cenário, quem será enfrentado e narra a história de forma dinâmica – alguns colocam até músicas, deixando o clima ainda mais emocionante. Um roteiro de filme? Muito mais que isso, nesse caso você é o personagem principal, o protagonista e responsável pelas ações, definindo, com seus amigos, o roteiro.

Começando o jogo, todo jogador tem uma ficha que vem anexa ao livro chamado livro do jogador, nela há uma pontuação pré-estabelecida para distribuir entre inúmeras habilidades. Você quer ser o personagem que se vale da força muscular ou do intelecto? Qual será seu nome? O ritual de preenchimento da ficha é muito rico, pois é nesse momento que os jogadores escolhem os personagens, estudam as possibilidades de habilidades e tentam ser complementares entre si, ou seja, os atributos que faltam em um personagem devem ser colocados em outro. Algumas vezes há um bate-papo com o mestre para ver se os participantes estão no caminho certo.

Depois de completar a ficha, há a introdução da história, feita pelo mestre, a qual é abundante em detalhes. Como os personagens se conheceram? Como foi o passado deles? Ele tem que levar tudo em conta e entrelaçar as histórias até que elas se tornem uma. Ufa! Vamos começar? Claro. O jogo é cercado de mistérios e batalhas, momentos de tirar o fôlego, de alegria e muita interpretação. Nada escapa aos olhos atentos do jogador.

O uso dos dados para a criação do personagem e para o jogo é essencial, mas não entraremos em detalhes, falaremos da história e, também, dos benefícios de se jogar. O RPG estimula a criatividade, pois é preciso criar personagens que sejam propícios ao jogo, seguindo regras e atribuindo valores de acordo com o que nós, jogadores, achamos interessante. Também o trabalho em equipe é estimulado, pois as principais jogadas devem ser pensadas em conjunto e, às vezes, passar pelo criterioso olhar do mestre. Sem falar na resolução de inúmeros problemas para os quais, em muitas ocasiões, se deve ter o máximo de concentração – e algumas discussões.

Há frustação? Sim, afinal faz parte do jogo perder batalhas de vez em quando. Ou mesmo deixar de tomar uma ação que parecia ser a melhor devido a conversa entre os participantes. A inclusão é fundamental, pois todos podem jogar; há casos de jogadores com mais de 20 anos de experiência atuando com aqueles que estão apenas começando. Há, também, a responsabilidade, já que as decisões devem ser tomadas visando as consequências futuras.

Nessa mesma linha de jogos em equipe, há um jogo de tabuleiro bastante interessante chamado Pandemic (Pandemia). Nele os participantes devem trabalhar em grupos para controlar doenças que estão sendo espalhadas pelo mundo. Os jogadores contra o tabuleiro: a chance de ganhar é pequena.

O jogo começa com a definição dos personagens. Você vai ser o médico? O despachante? O pesquisador? Cada um do grupo tem uma função importantíssima. Depois começam as ações, então todos, juntos, tentam pensar na melhor opção. Mais uma vez o individualismo é deixado de lado e o grupo, aos poucos, ganha harmonia na tentativa de vencer o jogo.

Reunir amigos, conversar sobre diversos assuntos – se sobrar tempo –, buscar a resolução de problemas, descobrir coisas em comum, ter em todos os encontros uma série de informações novas. Motivos não faltam para dar início à prática desses jogos. É necessário muito estudo e discussão, mas quando se alcança o objetivo, todo o esforço é recompensado.

Não há como prever o que acontecerá depois, as ações pegam todos de surpresa e os participantes se veem em situações inimagináveis. A magia do jogo nasce quando um problema é resolvido, quando a equipe vence uma batalha difícil, quando há a superação daquilo que os jogadores não pensavam ser capazes de superar. Cada participante toma suas decisões, as quais interferem na harmonia do grupo. Assim, no universo dos jogos, podem surgir amizades inesperadas, informações valiosíssimas e uma vontade muito grande de fazer a diferença para um grupo de pessoas.

 

Prof. Fernando Del Grande

Profa. Dra. Elaine Assolini

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