OS ALUNOS PERCEBEM QUANDO O PROFESSOR PREPARA AS AULAS

OS ALUNOS PERCEBEM QUANDO O PROFESSOR PREPARA AS AULAS

É tarefa do professor preparar suas aulas. Pode parecer óbvia tal afirmativa, mas há casos em que o professor acredita não mais ser necessário prepará-las, como acontece com aqueles que fundamentam sua prática apenas nos “saberes da experiência” (TARDIF, 2002). Esses saberes, cada vez mais valorizados, são imprescindíveis para os fazeres pedagógicos, bem como para a constituição das identidades docentes. Entretanto, são insuficientes para a construção de uma aula que propicie o desenvolvimento humano, cultural e científico dos alunos.

 Defendo o argumento segundo o qual os alunos da Educação Infantil à Pós-Graduação, percebem quando os professores planejam as aulas a serem por eles ministradas. Inúmeros fatores indiciam se, de fato, houve organização prévia desse espaço de conhecimento, interação e debates: a aula. Vejamos, então, alguns deles.

 1ª) O professor apresenta e segue um plano, roteiro ou conteúdo explícito de aula, que pode e deve ser modificado e adequado, de acordo com as condições de produção em que as aulas acontecem.

2ª) Faz comentários bibliográficos, valendo-se de indicações de livros, revistas, filmes, documentários, estudos e pesquisas sobre a área de estudo ou tema trabalhado. Vale lembrar aqui a importância de o professor utilizar materiais didático-pedagógicos atualizados, que dialoguem com o tema, conteúdo ou questão norteadora da aula.

3ª) Realiza atividades programadas, por meio de esquemas metodológicos, que poderão oferecer subsídios para nortear os exercícios, tarefas e atividades, como, por exemplo, um roteiro para estudo de um texto.

4ª) Demonstra domínio de conteúdo. Uma aula planejada requer conhecimento do assunto a ser trabalhado. O domínio do conteúdo contribui para que o professor sinta-se seguro diante da classe. A (in)segurança é facilmente captada pelos alunos.

5ª) Problematiza o assunto em questão, instigando os alunos a fazerem perguntas, incitando-os a diferentes questionamentos, bem como a estranharem o que parece óbvio, simples, natural.

6ª) Considera os saberes, escolares ou não, que os alunos acumularam, ao longo de suas vidas, oferecendo a eles oportunidades para deles se valerem, em diferentes situações de aprendizagem.

6ª) Planeja e repensa. O planejamento deve estar presente não apenas no princípio, mas também no percurso, pois o professor, juntamente com os alunos, precisa acompanhar o plano de ensino, observando suas possibilidades, limites e necessidades de atualização e mudanças.

7ª) Cuida da avaliação. Dar devolutivas aos alunos, após a realização de provas, trabalhos e tarefas de maneira geral demonstra a preocupação do professor com os conteúdos não apreendidos ou que ainda permanecem nebulosos, tem respeito por seus alunos e disponibilidade para (re)significar seus próprios saberes, práticas e identidade profissional.

 A aula pode ser compreendida como “(...) uma célula que representa o todo da escola: o projeto político-pedagógico, o currículo, o projeto da área e o planejamento da disciplina” (PIMENTA e LIMA, 2004, p.159). À afirmação das pesquisadores, acrescentamos que o todo da escola envolve, também, (des)encontros entre alunos e professores e sabemos que, dependendo de como acontecem as aulas podem seguir um caminho ou outro.

Assim, pensar tanto sobre as relações professor/ aluno como as que ambos estabelecem com os diferentes objetos de ensino pode ser um passo importante rumo à construção de uma aula interessante e inesquecível.

 Elaine Assolini

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