PANDEMIA CORONAVÍRUS: desafios para a escola e professores.

PANDEMIA CORONAVÍRUS: desafios para a escola e professores.

Prof. Joster Lopes

Profa. Dra. Elaine Assolini

 

Dia 30 de dezembro de 2019 a startup Blue dot disparou um alerta para a sociedade internacional de doenças contagiosas,  sendo o primeiro alerta sobre uma pneumonia de causa desconhecida. No dia 31 de dezembro de 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta para a existência de uma pneumonia de causa desconhecida na China. Em março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) decreta Pandemia pelo COVID-19.

Não tinhamos condições de imaginar até então quanto nossas vidas seriam impactadas, muito menos as consequências desses impactos.

De 30 de dezembro de 2019 até os dias atuais, assistimos imagens  surreais pela televisão e também pelas redes sociais, mostrando grandes transformações mundiais. Aeroportos com suas pistas repletas de aeronaves paradas, China e Itália como um epicentro da doença, profissionais paramentados higienizando ruas e cartões postais como se fossem saídos de um filme de ficção, grandes centros financeiros e comerciais em todo o mundo parados em pleno dia de expediente, bolsas de valores paradas com altas quedas, escolas e universidades vazias.

Depois de 30 anos, líamos nos jornais que foi possível ver da cidade o Himalia, pois, menos carros circulando, menos chaminés de indústrias soltando poluição. Foi possivel flagrar tartarugas desovando nas praias, pois, não haviam banhistas e frequentadores por lá. Imagens de satélites mostravam grande diminuição de massas de poluição na atmosfera.

Todos os setores da sociedade foram impactados com a pandemia.  O home office que vinha surgindo,  as pessoas tiveram de aprender  a trabalhar em casa e entregar resultados de seus trabalhos a partir de suas  próprias residências.

Na área da saúde, o Conselho Nacional de Medicina, teve que reconhecer a telemedicina. Os atendimentos psicológicos on line cresceram de maneira notável.

Assistimos ao crescimento do e-comerce já que as lojas e todos os setores não essenciais, tiveram que suspender temporiamente as suas atividades. Pessoas perderam renda e emprego, e muitas empreenderam, vendendo não por um plataforma de e-comerce  mas pelas suas redes sociais.

A comunicação remota tornou-se  a maneira mais apropriada de interação, diminuindo a distância entre: familiares, amigos, namorados e profissionais.

Assistimos ao crescimento do dellivery, que atendeu er continua atendendo a todos nós, quer precisemos de medicamentos, alimentação, ou coisas para o dia a dia.

O setor da  educação foi impactado diretamente. como não havia e ainda não há condições sanitárias para os alunos e professores estarem nas escolas, agora o ensino passa a ser remoto, acontecendo por: webinários, lives, plataformas de videoconferências, materiais digitais e materiais impressos. O professor dormiu analógico e acordou digital, precisando reinventar como ensinar e o aluno reinventou-se em como aprender. E tudo isso sem preparo prévio psicologica e ou metodologicamente. Em todo o mundo 1,58 bilhões de estudantes foram afastados das escolas, segundo os dados da UNESCO.

As desigualdades sociais escancararam-se: inúmeras histórias de alunos sem celular, computador ou internet para acompanhar a educação remota. Os moradores de rua antes invisíveis, agora, com as cidades solitárias, vazias são notados aos milhares pelas ruas e marquises.

A solidariedade nasceu em uma humanidade muitas vezes tida como perdida, sem empatia. Pessoas prontificavam a fazer compras para idosos, já que esses não podiam sair  às ruas, eram grupos de risco para contágio do COVID-19. Pessoas e empresas doavam EPIS (equipamentos de proteção individual) para os profissionais da saúde que estavam na linha de frente ao combate da doença, outras pessoas doavam marmitas e alimentos aos mais necessitados.

Muito grupos de orações virtuais surigram , já que as igrejas e templos estavam fechados.

Isso tudo não aconteceu em um século, ou uma década e sim em menos de um ano. Profundas transformações e novos modelos de sociedade nasceram, e estes são irreversívies dando origem ao novo normal.

Toda essas transformações, ocasiondas por um vírus causador de uma doença altamente contagiosa, também acarretou nas pessoas uma mescla de sentimentos marcados pela finitude. A humanidade passou por diferentes perdas de liberdade (não podíamos mais ir e vir como antes), renda (muitas pessoas tiveram salários reduzidos ou perderam o emprego), vida (milhares vidas perdidas pela doença), crenças limitantes (as pessoas tiveram que sair da zona de conforto e se reinventarem).

Passado esse momento de educação remota  e de grandes transformações e a escola tendo condições sanitárias seguras para receber os seus alunos, mesmo que parcialmente. Fica uma inquietude: diante de tantas perdas e transformações, como chegam emocionalmente esses alunos e professores nesse novo normal da educação? Quais os desafios teremos de enfrentar com esses alunos?

Existe o invísivel nesses alunos e professores que  nós precisamos observar e reconhecer, precisamos de outros olhares para o que não nos é mostrado tão nitidamente.

No "novo normal" (como  definir e caracterizar  esse conceito?);  esses alunos e professores chegarão com sentimentos de luto devido  às  perdas ocorridas, inseguranças, medos, questionando se na escola poderão ou não se infectar com o vírus.

A escola não será mais a mesma, ensinar e aprender não será da mesma maneira. Os desafios serão gigantescos. Estamos frente a um desequilibrio social, emocional e cognitivo.

Viver em sociedade, após uma pandemia, traz desafios comportamentais gigantes para as nossas crianças e adolescentes.

Segundo Jarde Diamond ( 1997), temos três acelaradores da história: epidemias, guerras e revoluções industriais e tecnológicas.

Será que os novos jovens estão preparados para viver nessa nova sociedade? Será que apenas o cognitivo dará conta de subsidiar nossos jovens  para enfrentar os desafios contemporâneos?

Entendemos que  o cognitivo não basta.  À escola cabe construir competências socioemocionais, como:  flexibilidade, autonomia, senso crítico, resiliência, autogestão, dentre outras, para poder sobreviver a esse novo mundo que se descortina.

Segundo Mikulic (et al 2015),  competências socioemocionais são um conjunto de capacidades, conhecimentos e atitudes necessárias para o sujeito compreender, regular e expressar de forma adequada suas emoções.

Precisamos estudar, compreender o que são competências socioemocionais e  oferecer  formação aos professores e famílias para que possam mediar a construção das mesmas com os jovens nas escolas.

Somado as questões socioemocionais, ainda precisamos pensar na maneira de ensinar,  a fim de que possamos, mediados pela tecnologia, atender a esses alunos que não poderão estar presencialmente na escola, já que a escola agora poderá atender apenas uma porcentagem de alunos. Começa-se,  então,  a discutir o ensino hibrido; ao professor cabe aprender novos métodos, ressignificar e atualizar os antigos, criar os seus próprios.

Nessa linha de pensamento, destacamos a importância da formação continuada para os educadores de maneira ampla.  Os espaços para relatos de experiências, oficinas de tecnologias, discussões sobre como ensinar por meio de novos métodos, exigidos pelos ensino remoto, conversas, interpretações e análises de situações didático-pedagógicas por meio de grupos de WhatsApp pofdem contribuir com os professores, que, neste momento, tão complexo, difícil e incerto, não tem medido esforços para exercer o seu ofício: ensinar.

É consensual o desejo do fim da pandemia, e a escola, os professores e alunos estão ansiosos pelo reencontro, pelo ensino, aprendozagem e trocas presenciais. Que este fim este próximo.

Diamond, Jared. Armas, Germes e Aço. Ed. Record. 20ª ed, Rio de Janeiro, 1997.

TREVISANI, Felipe et al. Ensino Híbrido: personalização e tecnologia da educação. Editora Penso Porto Alegre, 2019.

 

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