PÁTRIA EDUCADORA: compromissos e desafios

PÁTRIA EDUCADORA: compromissos e desafios

“Só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro próspero”, cravou Dilma Roussef em seu discurso de posse, proferido em 1º de Janeiro deste ano.

A presidente justificou a alcunha “Pátria Educadora” dada ao país ao afirmar que “democratizar o conhecimento significa universalizar o acesso a um ensino de qualidade em todos os níveis, da creche à pós-graduação”. Palavras de impacto, que produziram efeitos de sentido de esperança e renovação de propostas e perspectivas, levando o cidadão a acreditar que, finalmente, o governo democraticamente eleito, faria da Educação sua prioridade. Isso significa, por exemplo, que os investimentos educacionais estariam assegurados, independentemente de crises econômicas e os seus já conhecidos “cortes/ajustes fiscais”, as discussões a respeito da profissionalização docente ganhariam outros e novos espaços, os desafios em relação às crianças que permanecem fora da escola por falta de vagas, seriam enfrentados, dentre outros problemas que caracterizam a educação brasileira.

Entretanto, a chamada “Pátria Educadora” parece limitar-se a um slogan, que, se a princípio a todos capturou ideologicamente, aos poucos vai sendo compreendido como enunciado vazio, cujas promessas não se concretizaram, pelo menos até agora. Da Educação Básica ao Ensino Superior é possível identificarmos problemas e, sobretudo, desconsideração, por parte do atual governo.

Mudanças no Programa de Financiamento Estudantil (FIES) excluíram quase duzentos mil alunos, segundo dados amplamente divulgados pelo próprio MEC.

O PRONATEC, outro carro-chefe da última campanha eleitoral, parece não ser responsabilidade do governo federal. Atrasos nos pagamentos dos professores, no repasse de verbas para as escolas, ausência de formação para os profissionais, dentre outros problemas, impossibilitam que a educação profissional e técnica possa, de fato, ser oferecida milhares de jovens estudantes.

No início do mês de julho, recebemos, perplexos, a notícia de que a Capes, órgão do Ministério da Educação que responde pela pós-graduação, foi obrigada a cortar 75% da verba de custeio de todos os programas de mestrado e doutorado no país. “Na prática”, efetivaram-se (e continuam se efetivando) restrições brutais das atividades de pós-graduação, que afetam negativamente a composição de bancas para avaliação de dissertações e teses, a aquisição de materiais para laboratórios, pesquisas e programas andamento e a almejada internacionalização, por exemplo.

As instituições federais de ensino completam, no mês de outubro, quatro meses ininterruptos de greve, sem receberem qualquer aceno de que uma das inúmeras reivindicações poderá ser atendida, ou mesmo ser objeto de diálogo franco com o governo, que finge não saber a gravidade da situação. Redundante dizer as consequências negativas para o ensino, pesquisa e extensão universitária, decorrentes da interrupção de atividades acadêmicas e administrativas.

Muitos outros exemplos poderiam aqui ser elencados para ilustrar a falta de compromisso do atual governo com suas promessas, divulgadas dentro e fora do país, mas acreditamos serem esses suficientemente ilustrativos, capazes de incomodar e instigar o leitor a pensar sobre s discursos e práticas da Pátria Educadora.

Se, de fato, há intenção, desejo e propósito por parte do governo atual de tratar a educação nacional como prioridade, então são urgentes investimentos financeiros e gestão de recursos orçamentários, sem os quais mudanças e avanços não ocorrerão.

O governo do slogan “Pátria Educadora” precisa mostrar a que veio e tratar bem a educação pode ser um bom começo.

 

 

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