PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE: identidades, saberes e práticas

PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE: identidades, saberes e práticas

Profa. Dra. Elaine Assolini

 

Neste trabalho, trazemos perguntas e questionamentos que poderão auxiliar o professor a pensar e refletir sobre a (des)construção de sua identidade profissional, considerando os seus saberes e práticas. Entendemos que pensar e refletir sobre a sua autoimagem, autoestima, sobre motivações para o trabalho, suas percepções a respeito de suas tarefas são eixos importantes para o exercício responsável da docência.  Destacamos que não é nossa expectativa que o(a) professor (a) tenha respostas imediatas; ao contrário, o processo de reflexão exige tempo, e um tempo próprio, particular.

Esta proposta não é inédita. Ela foi baseada no livro Formação Continuada de Professores, de Francisco Imbérnon, publicado pela Editora Cortes, em 2010.

 

1-AUTOIMAGEM

Quem sou eu como professor (a)?

Como me vejo como professor (a)?

A partir de que posição (lugar) falo?

Como analiso as formações imaginárias a respeito de minha profissão?

Quem somos nós? Quais são os meus “nós?”

Quem são aqueles (as) que me constituem?

 

“O professor é uma pessoa e parte dessa pessoa é professor” (NIAS JENIFFER, in: NÓVOA, 1992, p.15).

 

2-AUTOESTIMA

Quais são as fontes de minha alegria e satisfação?

Estou satisfeito comigo mesmo (a) em meu trabalho?

Gosto e aprovo a maneira como sou tratado (a) pelos meus pares, coordenadores, gestores, funcionários, pais de alunos, órgãos de ensino, sindicato, imprensa?

Como sou tratado (a) em sala de aula pelos estudantes pelos quais sou responsável?

Como lido com as inevitáveis frustrações, angústias e problemas cotidianos da sala de aula?

 Que marcas, indícios, vestígios, resultados ou produtos decorrentes de meu trabalho me permitem entender-me como um profissional competente e compromissado?

 

3-MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO

* O que me motivou a me tornar professor?

Qual ou quais professor (es) (as) marcaram minha caminhada escolar?

Como me tornei professor (a)?

Quais os fatos, acontecimentos, situações, contextos, escolhas, conduziram-me à opção pelo magistério?

O que me motiva a continuar sendo professor (a)?

Quais as minhas expectativas em relação ao processo de ensino-aprendizagem dos estudantes pelos quais sou responsável e o que isso tem a ver com a problemática da autoestima?

Quais as minhas expectativas em relação aos meus colegas, aos gestores escolares, à supervisão, aos órgãos públicos de ensino, ao sindicato, aos pais, funcionários e equipe escolar de maneira ampla?

O que poderia contribuir para aumentar minha motivação?

Como posso ajudar outras pessoas, no meu espaço de trabalho?

Como as outras pessoas podem me ajudar?

 

“Não é possível separar o eu pessoal do eu profissional, sobretudo numa profissão fortemente impregnada de valores, ideais e muito exigente do ponto de vista do empenhamento e da relação humana [...] Ser professor obriga a opções constantes, que cruzam a nossa maneira de ser com a nossa maneira e ensinar, e que desvendam na nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser” (NÓVOA, 1992, p.7-9).

 

 4-PERCEPÇÃO DA TAREFA

O que devo fazer para ser um (a) bom/boa professor (a)?

O que significa ser um bom / boa professor (a), segundo o meu entendimento?

É suficiente que todos os meus alunos consigam atingir os mínimos objetivos em minhas aulas?

Daquilo que faço habitualmente, o que faz e o que não faz parte de meu trabalho como professor (a)?

Qual é o meu programa de desenvolvimento profissional?

O que posso fazer para melhorar o meu desenvolvimento profissional?

Sinto que os problemas emocionais ou relacionais de meus alunos me preocupam e me afetam? Até que ponto? Quais são os meus limites?

Quais são os principais desafios para a profissão docente, na atual sociedade contemporânea?

 

5-RELAÇÃO COM O CONHECIMENTO

Como me relaciono com o conhecimento de maneira ampla?

Como me relaciono com os saberes específicos de minha área de atuação?

Como me relaciono com a leitura e a produção escrita?

Como me relaciono com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)?

Como me relaciono com a profusão de informações disponíveis na sociedade contemporânea?

Posso afirmar que sou um sujeito “intérprete”, capaz de produzir e atribuir sentidos às minhas ações, práticas, leituras?

 

“A educação está presente em casa, na rua, na igreja, nas mídias em geral e todos nos envolvemos com ela para aprender, e para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver todos os dia misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias. [...] Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece; o ensino escolar não é a única prática e o professor profissional não é o seu único praticante” (BRANDÃO,1981, p.68).

 

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 “O homem precisa reaprender a pensar. Entretanto, o simples exercício da reflexão não é garantia de salvação dos cursos de formação de professores, pois a reflexão não é um processo mecânico. Deve ser compreendida numa perspectiva histórica e coletiva, que se realiza a partir da análise e da explicitação dos interesses e valores que possam auxiliar o professor na formação da identidade profissional, portanto em processo permanente, o cotidiano, por meio de sua análise e implicações sociais, econômicas, culturais e ideológicas” (ALARCÃO, 1996).

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“Somos sempre aprendizes da profissão e estagiários da vida” (FRANCO, 1998).

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