PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: ALGUMAS REFLEXÕES

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: ALGUMAS REFLEXÕES

É imprescindível para qualquer organização (uma unidade social) um planejamento, que consiste no estabelecimento de ações e na construção de meios e procedimentos para executá-las, tendo em vista os objetivos a que se pretende atingir.

Um planejamento efetivo, real e consistente requer que as ações a serem empreendidas sejam previamente pensadas e discutidas por todos os envolvidos, o que irá contribuir para uma valiosa articulação entre os esquemas a serem implantados, bem como no resgate da história e da memória daquela unidade social, possibilitando, assim uma avaliação, análise e reflexão do passado, do já realizado ou não.

Evita-se, assim, que os agentes da ação fiquem sem rumo, sem direção, batendo a cabeça e à mercê de tomadas de decisão improvisadas que, inevitavelmente, trarão implicações negativas e desastrosas, sobretudo para aqueles que direta ou indiretamente sofrem e recebem as conseqüências de tais ações.

Sem, portanto, a instauração de uma ordem, de formulação e estruturação de ações, bem como de condições de provimento para sua implementação, o planejamento torna-se estéril, abstrato e inexequível.

As organizações têm, assim, a obrigação elementar de conceber um planejamento, sem o qual sua função social de maneira ampla e suas atribuições peculiares, de forma particular, não serão passíveis de credibilidade e confiança, por parte dos envolvidos.

Trazendo para esta discussão, a instituição escolar, destaco que o produto do de um planejamento é o projeto-político-pedagógico, que, na literatura brasileira, tem sido denominado também de “projeto-pedagógico”, “projeto educativo”, “projeto político-pedagógico-curricular”, dentre outros.

Não irei me deter a estas inúmeras denominações, porém gostaria de lembrar que o termo “projeto” vem do latim “projectu” e significa lançado para diante, ou seja, uma idéia que se estabelece para ser concretizada e levada a efeito no futuro. O vocábulo projeto implica, dessa forma, intento, propósito, plano a ser realizado dentro de um esquema planejado.

Todos fazemos cotidianamente projetos em nossa vida pessoal: voltar a estudar, comprar uma casa, retomar uma antiga amizade, fazer uma dieta, superar dificuldades e tantos outros.

Seja qual for a natureza do projeto, existe, consciente ou inconscientemente, uma proposta de rompimento maior ou menor com a situação atual, o que gera em nós expectativas, indecisões, angústias e muitas vezes medo.

Com o projeto-político-pedagógico não é diferente, pois, quando, de fato, a escola propõe-se a diagnosticar, identificar e analisar seus problemas, definir suas intenções e metas e desenvolver suas diretrizes, vislumbrando o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e sócio-cultural de seus alunos, o aprimoramento de sua equipe técnico-administrativa, além da profissionalização do corpo docente e da melhoria das relações com a comunidade é inevitável que as inquietações e ansiedades estejam presentes.

Tecer coletivamente, isto é, com a participação de toda a equipe de educadores (professores, alunos, funcionários, pais, representantes de órgãos da administração do ensino) um projeto-político-pedagógico que será o fio condutor de um trabalho escolar não é, pois, tarefa fácil.

Quando o projeto é concebido e edificado a partir de saberes e fazeres coletivos, todos se animam , entusiasmam-se e o ambiente escolar caracteriza-se pela confiança, colaboração, empenho e compromisso de seus integrantes, que passam a se entender enquanto sujeitos co-autores e co-responsáveis por aquele empreendimento. Entretanto, se este importante documento expressar apenas os princípios e posicionamentos de poucos, fatos e repercussões nefastas irão ocorrer, atingindo inclusive aqueles que se eximiram de compartilhar desta atividade ou a ela ficaram indiferentes.

Quero salientar que um documento tão relevante e essencial para a escola como o que está em questão - o projeto político pedagógico-, deve ir além de um simples agrupamento de planos de ensino ou atividades, ou um compêndio de intenções que nunca se efetivarão na prática.   

É um equívoco também entendê-lo como um calhamaço de papéis que deva ficar arquivado e escondido na sala do diretor ou, ainda, encaminhado para alguma instância administrativa superior e nunca mais ser consultado, lido, pensado.

Esta tessitura requer humildade e ousadia. Humildade para rever e refletir sobre como a escola tem-se constituído até então; trata-se, assim de procurar levantar todas as questões não resolvidas. Ousadia para romper com as velhas fórmulas, amarras, crenças, atitudes e comportamentos que não contribuem para que o novo, o diferente possam chegar.

 

 

 

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