RESSIGNIFICANDO O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

RESSIGNIFICANDO O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Para alguns educadores, a discussão a respeito do Projeto Político Pedagógico, PPP, parece ter-se esgotado, pois entendem que se trata de um documento utópico, que, na maior parte do tempo, permanece arquivado, em lugar inacessível.

Entretanto, esse equívoco teórico e o sentimento de desencanto que o acompanha precisam ser desfeitos, pois mesmo que o educador não deseje mais tocar neste assunto, mesmo que não participe de sua elaboração ou se recuse a lê-lo, este importante documento, o PPP, tem lugar nobre no contexto escolar, uma vez que ele se constitui em referência norteadora para todos os âmbitos da ação educativa da escola.

Sendo assim, sua elaboração requer a participação de todos aqueles que integram a comunidade escolar: professores, coordenadores pedagógicos, gestores educacionais funcionários e pais de alunos. Esses integrantes e seus saberes acumulados, argumentos e percepções são a expressão viva do coletivo da escola e, por isso mesmo, precisam e devem saber de sua responsabilidade, força e capacidade de construir um documento que, de fato, possa ser base e referência para o que se pretende realizar.

Nesse sentido, lembramos que a palavra projeto tem origem no latim projectu, que, por sua vez, é particípio passado do verbo projicere que significa “lançar para diante”, plano, desígnio. Este termo, projeto, traz, portanto, a ideia de futuro, de vir a ser, de recriação. Por isso, é equivocada a ideia de que um projeto não precisa ser revisto, reformulado, ressignificado, uma vez que as mudanças são inevitáveis.

É importante assinalar que o Projeto Político Pedagógico, PPP, não pode ser (re)construído sem que se tenha uma ação orientada pela intencionalidade, ou seja, é preciso ter em mente onde a escola está e para onde deseja ir, e, além disso de que condições dispõe ou não, para concretizar o que planeja. Nessa linha de pensamento, diz Gadotti (2000):

não se constrói um projeto sem uma direção política, sem um norte, um rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também político. O PPP é sempre inconcluso, uma etapa em direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola (GADOTTI, 2000, p.46).

Algumas questões problematizadoras podem ser observadas, quando  na construção do PPP, como, por exemplo: a) que escola queremos?; b) qual a finalidade da escola na sociedade contemporânea?; c) que sociedade queremos construir?; d) que conhecimentos, saberes e conteúdos a escola irá trabalhar? por quê?; e) como a escola irá possibilitar a apropriação de conhecimentos, saberes e conteúdos pelos alunos?; e) quem são os  alunos que recebemos ; f) que cidadão formaremos para a sociedade atual?; g) há espaço para a subjetividade de educadores e educandos?; h) como o coletivo se diz, se representa?; i) quais os desafios a curto, médio e longo prazo a serem enfrentado?

 Problematizações dessa natureza podem instigar a dois movimentos: por um lado, permitir que distintas concepções e valores educacionais e pedagógicos, nem sempre explicitados, sejam colocados, revelados, discutidos coletivamente e, por outro, promover a reconstrução dessas concepções e valores, a partir de diálogos coletivos, que poderão trazer à tona inquietações, medos, angústias, dúvidas e contradições.

Gadotti (2000), ao discutir os obstáculos e limites com os quais nos deparamos no processo de (re)formulação do PPP destaca que é fundamental que a escola deseje e anseie por uma gestão democrática, cujas principais características são: autonomia e participação. Ressaltamos que discorreremos sobre a gestão democrática em outro artigo. Por ora, enfatizamos que se os anseios coletivos por uma escola melhor podem se concretizar se a participação coletiva, conforme dissemos anteriormente, atuar criticamente, o que inclui analisar suas escolhas e intenções.

Diante do exposto, é possível concluir que a dedicação do coletivo escolar à elaboração do PPP é imprescindível, podendo se dar também de forma agradável e prazerosa, sobretudo se o coletivo lembrar que a escola não é isenta da subjetividade dos educadores, educandos e demais sujeitos.  E é justamente a nossa subjetividade que nos faz únicos, singulares e capazes de transformar o mundo à nossa volta. Mãos à obra, portanto!

Profª Drª Elaine Assolini

Compartilhar: