SABERES DA DOCÊNCIA E RECONHECIMENTO PROFISSIONAL

SABERES DA DOCÊNCIA E RECONHECIMENTO PROFISSIONAL

De acordo com Larrosa (2002), experiência é aquilo que se passa com as pessoas, é aquilo que acontece em suas vidas e que as forma e as transforma. Desta maneira, “é incapaz de experiência aquele a quem nada lhe passa, a quem nada lhe acontece, a quem nada lhe sucede, a quem nada o toca, nada lhe chega, nada o afeta, a quem nada o ameaça, a quem nada ocorre” (LARROSA, 2002, p. 25).

Esse autor define o saber da experiência como aquele adquirido pelo modo como as pessoas respondem às suas vivências e ao modo como dão sentido aos acontecimentos. Isto significa que duas pessoas que viveram um mesmo acontecimento podem não compartilhar a mesma experiência, já que esta depende dos sentidos particulares e, portanto, subjetivos, que foram atribuídos a esse acontecimento.

Desta forma, a experiência é sempre singular, pois se relaciona com a nossa subjetividade.

Ainda de acordo com o ponto de vista desse autor, uma pessoa não pode aprender com a experiência de outra. Mesmo se tentarmos reviver a experiência passada pelo outro, nós não conseguiremos fazê-la inteiramente nossa, posto que ecos de nossa memória vão intervir na experiência presente, atualizando-a e ressignificando-a, a partir de outras já por nós vivenciadas. É ilusório, portanto, acreditar que podemos aprender a partir da experiência do outro.

Esta definição dada por Larrosa (2002) ajuda-nos a compreender o fato de professores pertencentes a um mesmo sistema de ensino, ou a uma mesma escola, agirem de maneiras diferentes, quando são convidados a pensar em propostas de mudanças, em relação ao seu estilo didático, por exemplo. Há os que se dispõem a (re) pensar, há os que se negam, há, também aqueles que parecem desconfiar de propostas denominadas “inovadoras”, por exemplo.

De qualquer forma, os saberes proporcionados pela experiência são gerados na atuação do professor, segundo Lima e Reali (2002). Esses saberes fundamentam e orientam muitas das ações, decisões e formas de pensar dos professores e, por isso, não podem ser desprezados, ou tratados, quer seja na formação inicial quer na formação continuada, como se não contribuíssem para a constituição da(s) identidade (s)dos professores.

No mês em que comemoramos o Dia do Professor, reconhecer que os saberes da experiência repercutem e influenciam a (re) produção de saberes e práticas docentes pode ser um passo importante rumo à construção do respeito, admiração e reconhecimento desse profissional, que, de um jeito ou de outro, sempre deixa marcas em nossas vidas.

 

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