Uma Escola para a Vida: Construindo um Futuro de Aprendizado e Acolhimento

Uma Escola para a Vida: Construindo um Futuro de Aprendizado e Acolhimento

Izabela Guerra e Vinicio Lobo

Filomena Elaine Paiva Assolini

A escola que eu quero para mim é uma escola que não represente apenas uma etapa obrigatória para a vida. Uma obrigação imposta e acatada com desleixo, ou, quando feita com afinco, realizada apenas para ganhar a aprovação dos pais ou da sociedade. Quero uma escola que seja um local receptivo, de acolhimento e de aprendizado eficiente, não apenas do ponto de vista do conteúdo ensinado, mas também do aspecto humano, porque a instrução saudável acontece dessa maneira, não no imperativo a todo momento, em toda ocasião e circunstância.

Onde não só os alunos se sintam parte do todo, mas também os professores sejam valorizados, economicamente e nas interações interpessoais. Que não sejam cobradas metas irreais, como, por exemplo, atividades digitais em locais sem acesso à internet. Espero uma escola onde haja o mínimo de prazer em estar onde se está e fazer o que se faz. Estruturalmente, uma escola que seja bonita e bem preservada, porque, sim, isso influencia demais nosso sentimento de bem-estar quando convivemos e trabalhamos em um local. Um lugar que seja acessível às mais diversas condições físicas, sensoriais e cognitivas. Que ofereça boas condições de trabalho, opções de ferramentas didáticas e materiais abundantes.

Administrativamente, que haja objetivos claros e empenho para alcançá-los; que os coordenadores pedagógicos sejam ativos e proativos em suas tarefas, sempre visando o melhor, representando e liderando seu grupo docente e administrativo de forma coesa, não julgadora e apartadora. Que sejam suporte e orientação, e não figuras ausentes ou supressoras.

Que a figura do docente não seja menosprezada, mas admirada, e que os bons profissionais se sintam orgulhosos do trabalho que fazem, e não fatigados e desgastados devido ao desprezo e ao cansaço excessivo. Que os maus profissionais se sintam envergonhados e não estimulados.

Que a escola seja para os alunos um lugar seguro, tanto física quanto emocionalmente. Mas não apenas seguro, e sim estimulante. Que suas individualidades sejam respeitadas e não ceifadas.

Nessa escola idealizada, o ensino vai além das disciplinas tradicionais. O currículo também abordaria o básico de ciências políticas, algo como educação financeira, higiene do lar e culinária, para que se diminuíssem gradativamente características maléficas da nossa sociedade, como a determinação das tarefas domésticas para as mulheres, e para que os homens cheguem à vida adulta mais autônomos.

Também seria ofertado acesso a atendimento psicológico e alguma disciplina voltada para autoconhecimento e gerenciamento de emoções. Oficinas artísticas e atividades artesanais também seriam inclusas. Já tenho até o nome de uma disciplina: "Cortes e Remendos". Esta ensinaria noções básicas de costura e manutenção de eletrodomésticos e móveis.

Por fim, para criar um ambiente assim, é necessário que haja pessoas que se importem, localmente, na administração e na docência, e de forma mais ampla, nas políticas públicas. Pessoas que pensem na infraestrutura, nos equipamentos, na manutenção dos materiais, no currículo coerente, não como um custo, mas como um investimento. Que pensem no capital humano e não apenas no capital econômico, embora uma coisa interfira diretamente na outra, pois pessoas bem formadas e autônomas se desenvolvem melhor economicamente, e o desenvolvimento econômico individual influencia em nós como sociedade. Mas talvez o não investimento não seja apenas por uma percepção superficial de economia (do verbo economizar), mas realmente como uma forma de manter o domínio sobre uma população analfabeta funcional.

A escola ideal é o objetivo a ser alcançado e é a partir daí que buscamos atitudes e valores melhores para podermos nos aproximar cada vez mais do ideal.

 

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