A UNIVERSIDADE E SUAS FUNÇÕES

A UNIVERSIDADE E SUAS FUNÇÕES

A Universidade brasileira, estatutariamente, apresenta três funções básicas: ensino, pesquisa e extensão. A distinção entre essas funções no trabalho docente constitui-se “estratégia operacional”, no dizer de SEVERINO (2002), visto que são indissociáveis, articuladas e interpenetradas.

A atividade de ensino, responsável pela formação de profissionais de nível superior, é função exclusiva da universidade e de outras instituições de ensino superior, as denominadas IES. Promover ensino de qualidade afinado com os desafios da sociedade contemporânea é imprescindível. Para tanto, é essencial que os professores universitários estejam envolvidos com as atividades de pesquisa, sem as quais seriam meros repassadores de informações livrescas, de antemão ultrapassadas, se tivermos em mente que os conhecimentos dobram a cada dois ou três anos, no máximo.

As atividades de pesquisa destinam-se à produção e à sistematização de conhecimentos.   A produção de conhecimentos precisa ser crítica, criativa e competente. A esses fatores soma-se a “competência técnica”, segundo SEVERINO (2002). Tal competência envolve o respeito e o conhecimento aprofundado dos fundamentos e métodos científicos nos quais se apóia o sujeito-pesquisador, bem como as ações de conhecer, mobilizar, estudar, apropriar-se e dialogar com os conhecimentos acumulados e com estudiosos que a eles se dedicaram. Não por acaso as atividades investigativas requerem humildade, visto que muito já foi construído e pensado, antes de nos dedicarmos a determinado tema ou problemática. Nesse sentido, gostaria de lembrar que a revisão da literatura é tarefa imprescindível ao sujeito-pesquisador, da Iniciação Científica ao Pós-Doutorado. A criticidade é atributo essencial ao sujeito-pesquisador, que deve desconfiar e estranhar o que se lhe apresenta como natural, óbvio, transparente. A esse sujeito cabe compreender que o conhecimento é sócio-historicamente construído, resultando de complexas tramas de relações de poder. É a criticidade que nos liberta tanto do absolutismo dogmático quanto do cetismo vulgar, sem embasamento. A criatividade tem a ver com as possibilidades de o sujeito-pesquisador abrir-se para o novo, para o diferente, o múltiplo, o inusitado. Considerar inúmeras possibilidades, alternativas, (des) caminhos é essencial para o exercício da criatividade, que, portanto, exige abertura, olhar e escuta atentos e sensíveis.

À extensão universitária cabe devolver à comunidade os bens que se tornaram possíveis graças às pesquisas. Os produtos do conhecimento são bens simbólicos que precisam ser usufruídos por todos os integrantes da comunidade. A prestação de qualquer tipo de serviços à comunidade, que não decorre do conhecimento dos problemas, queixas, lacunas, necessidades e fragilidades é mero assistencialismo; tarefa extensionista vazia de sentidos, que não contribui nem com a sociedade nem com a universidade. A pesquisa é, assim, imprescindível também para a efetivação das atividades do âmbito da extensão universitária.

Nessa linha de pensamento, ressalto que a formação integral do jovem estudante universitário deve incluir também sua participação direta em atividades de extensão, que têm caráter formativo, investigativo e pedagógico.

Construir um futuro melhor implica investir na educação, e, por conseguinte, na Universidade, além da Educação Básica, obviamente. Uma política educacional voltada para os interesses humanos, capaz de superar toda a sorte de mecanismos que perpetuam as cristalizadas forças de exclusão social poderia ser o primeiro passo rumo a uma sociedade menos excludente e, quem sabe, melhor.

 ElaineAssolini

 

Compartilhar: