VOCÊ SÓ DÁ AULAS OU TRABALHA TAMBÉM?

VOCÊ SÓ DÁ AULAS OU TRABALHA TAMBÉM?

Certamente, a pergunta acima não é novidade para muitos (as) professores (as) que já a ouviram, em diferentes situações e momentos de vida.

Muitos se sentem incomodados, às vezes, agredidos, aviltados. Outros se empenham fortemente no sentido de tentar esclarecer, explicar, mostrar e provar que a docência é uma profissão, independentemente do nível de ensino de atuação do profissional. Há aqueles que, capturados ideologicamente, acham graça ou, ainda, lhe são indiferentes, por que a entendem como “natural”, “normal”.

Os pesquisadores Pimenta e Anastasiou (1994, 1997, 2002, 2010,2013), Libâneo (1994, 1998, 2009) e Franco (2008,2010) ajudam-nos a entender que a ação de ensinar, uma das tarefas da docência, não é simples nem regular, pois o ensino, enquanto prática social destinada a promover a relação dos alunos com o conhecimento, “(...) é um fenômeno complexo, (...) uma situação em movimento e diversa conforme os sujeitos, os lugares e os contextos onde ocorre (...)” (PIMENTA e ANASTASIOU, 2002, p.48).

Os (as) educadores (as), que estão em pleno exercício da docência, sabem que o inusitado, o inédito e o inesperado estão diariamente presentes no cotidiano da sala de aula. Todos sabem da importância da flexibilidade do planejamento de curso e das aulas, pois, muitas e muitas vezes, há enorme distância entre o que fora previamente pensado e organizado e o que, de fato, ocorre em sala de aula. Nessa perspectiva, gostaria de destacar o quão ilusório é tentarmos identificar regularidades no processo de ensino e, com base nessa ilusão, criar regras, técnicas, modos e maneiras únicas de operá-lo. Enfim, ensinar não é tarefa fácil, exigindo-nos condições político-pedagógicas e didáticas para assegurar que os alunos efetivamente aprendam e se constituam como sujeitos cultos, críticos, capazes de (re)pensar e de (re)significar o mundo à sua volta e a sociedade na qual estão inseridos.

Se a ação de ensinar, se a formação de cidadãos capazes de desconfiar do que está posto, se a defesa incondicional da democracia, da participação, da inclusão faz sentido para aquele (a) que optou pelo ofício docente, é urgente que a pergunta que intitula o presente artigo receba respostas que possam explicitar aos desavisados que conhecimentos, saberes e competências são alguns dos ingredientes essenciais para exercermos essa bela e desafiadora profissão. Lutemos, então, para desnaturalizar o “só dá aulas”, pois o nosso trabalho, que é político-pedagógico e, também, poético, permanece na memória e na história daqueles pelos quais somos responsáveis. E isso não é pouca coisa.

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