Agosto de Gonçalves Dias

Agosto de Gonçalves Dias

Ah! Minha terra tem palmeiras onde cantam sabiás eternizadas nos  versos do maranhense Gonçalves Dias.

Nascido aos 10 dias do mês de agosto do ano de 1823, de pai português e mãe mestiça, o menino Antônio Gonçalves Dias foi educado nas letras por iniciativa de seu pai e mandado em estudos a Portugal para o curso de direito. Passou por muitas dificuldades desde o seu nascimento bastardo e mestiço, a falta de recursos para terminar os estudos, um amor fracassado, um casamento conturbado, uma doença grave e incurável e apesar de tudo foi brilhante no seu fazer como escritor , pesquisador, professor e etnólogo.

Trabalhou no Rio de Janeiro e na condição de pesquisador empreendeu viagens ao norte e à Europa.

Escritor romântico, cultuou o nacionalismo em obras indianistas.

Usou da adversidade para alimentar sua poesia.

Como fruto de suas pesquisas escreveu um dicionário da língua Tupi.

Faleceu em um naufrágio na costa maranhense em 3 novembro 1864, aos 41 anos de idade.

É patrono da cadeira número 15 da Academia Brasileira de Letras.

Para quem quiser saber mais, sugiro este local no sítio da ABL:

https://www.academia.org.br/academicos/goncalves-dias/biografia

Comecemos com Canção do Exílio escrita em Portugal no período em que o escritor fazia seus estudos, e que tem dois de seus versos compondo a letra do Hino Nacional Brasileiro e outros dois na letra da Canção do Expedicionário.

CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
                              Coimbra, julho, 1843.

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