Ainda Gonçalves Dias

Ainda Gonçalves Dias

Em tempos das medalhas áureas dos feitos olímpicos, tempos de destemor e glórias vejamos mais um dos poemas nacionalistas de Gonçalves Dias.

Só mais um, talvez o de maior beleza, do tema indianista, o épico I Juca Pirama.

O poema, considerado o mais importante de Gonçalves Dias fala sobre a maldição do pai ao filho que chora frente a morte.

Aqui o trecho final.

X

Um velho Timbira, coberto de glória, 
    Guardou a memória 
Do moço guerreiro, do velho Tupi! 
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava 
    Do que ele contava, 
Dizia prudente: - “Meninos, eu vi!”

“Eu vi o brioso no largo terreiro 
    Cantar prisioneiro 
Seu canto de morte, que nunca esqueci: 
Valente, como era, chorou sem ter pejo; 
    Parece que o vejo, 
Que o tenho nest’hora diante de mi.”

“Eu disse comigo: Que infâmia d’escravo! 
    Pois não, era um bravo; 
Valente e brioso, como ele, não vi! 
E à fé que vos digo: parece-me encanto 
    Que quem chorou tanto, 
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!”

Assim o Timbira, coberto de glória, 
    Guardava a memória 
Do moço guerreiro, do velho Tupi. 
E à noite nas tabas, se alguém duvidava 
    Do que ele contava, 
Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”

 

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