Construindo um futuro de paz

Construindo um futuro de paz

- Construindo um futuro de paz

Então eu peguei o jornal e lá estavam elas, carinhas sérias , olhos espertos,  as mãozinhas em  gestos de amor sobre o cartaz estampado em tinta com outras mãozinhas, que retratava o mundo, e a manchete “ Existe amor. Escola pública de Ribeirão promove aulas em que alunos aprendem a lidar com as próprias emoções” .

Achei lindo e segui em frente, não reparei direito. Só quando fui ler a matéria é que vi que as crianças eram mais que “as crianças”, eram as “minhas” crianças.

Trabalhei na escola Hermínia Gugliano, na Vila Tibério por pouco mais de dois anos, e era esta a escola alvo da reportagem do jornal ( A Cidade, 10 de julho de 2015).

Turma do Hermínia, saudades de vocês. Parabéns pelo trabalho!

As crianças, carinhas familiares, tinham sido meus pacientes ( fui dentista de escola, com muito orgulho, beijos, minhas colegas ainda na labuta), lembro até dos seus dentes, e, naquele tempo,  o trabalho sobre as emoções  estava começando na escola.

Não, a escola não tem nada de “especial”. É uma escola pública estadual, com tudo que ela significa, fisicamente pequena, o que seria um agravante, mas se transforma num agregador de valor na medida que tudo tem que ser muito organizado para que dê certo, com alunos de condições variadas,crianças com necessidades especiais,  inclusive migrantes sazonais de outros estados e professores, direção, coordenação e funcionários comprometidos com a educação( humm, aí sim temos uma BOA diferença).

Trabalhar com emoções é algo complicado, significa mexer com as próprias emoções, significa conhecer-se melhor, estar disposto ao mergulho, para , do fundo do seu ser, poder assegurar que não é fácil, mas sobrevive-se, apesar da dor.

Confrontar as emoções é dolorido mas tão absolutamente revelador que depois dos primeiros mergulhos, a vida tem outro sabor e ficamos viciados, querentes de mais, buscantes de mais.

E nos tornamos seres conscientes, pensantes, ponderantes, melhores.

Oferecer às crianças a oportunidade de refletir sobre suas emoções e sentimentos é um excelente exercício para o ser.

Todo dia perguntamos aos próximos como vão, sem realmente querermos saber, só por hábito e cortesia.

Todo dia respondemos à mesma pergunta com um “tudo bem “, muitas vezes sem convicção, uma resposta social, ou porque não temos intimidade com a pessoa para uma descrição de nossa via crucis, ou porque temos pudor da nossa felicidade, ou porque estamos no automático, respondemos sem nem nunca pensar.

 E é aí que mora o perigo.

 Responder sem pensar.

Você até pode escolher uma resposta social, “tudo bem”, mas é preciso criar o hábito de pensar em si, avaliar de onde vem seu estado de ânimo,   o que motiva suas ações, analisar as fixas e as variáveis, porque a vida é cíclica e as emoções irão se repetir, e é bom saber porquê e de onde vem, para não sermos pegos por desagradáveis e descontroladas surpresas que ,repetitivas, se tornam armadilhas,  e possamos buscar o que nos faz bem.

Pensar, sentir, pensar sobre o sentir pode ser um começo, uma sementinha para a paz.

Pois quem se conhece, se respeita e, por empatia, respeita o outro.

Somos a mesma carne e sangue.

Vidas de grande preciosidade, equipadas com a capacidade do pensamento, o mais perfeito mecanismo para a realização e a felicidade.

Eliane Ratier, se sentido feliz e grata em poder ter vivido isso e ver a sementinha virar fruto.

 

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