A grandeza de Cecília

A grandeza de Cecília

Este poema de Cecília me trouxe bons momentos e bons amigos.

Logo que comecei meu trabalho literário houve a oportunidade de fazer leituras e oferecer poemas que ficavam dependurados num varal na PraçaXV em homenagem `a um dia comemorativo qualquer.

No varal, este poema.

No meu sentir e ser, este poema.

Por ele, Jair Yanni e Ely Vieitez Lisboa, pessoas que admirava e que conheci pessoalmente ali, lendo Cecília.

Aproveitem!!

Cecília Meireles


Gargalhada
 

Homem vulgar! Homem de coração mesquinho!
Eu te quero ensinar a arte sublime de rir.
Dobra essa orelha grosseira, e escuta
o ritmo e o som da minha gargalhada:


Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah! 


Não vês?
É preciso jogar por escadas de mármores baixelas de ouro.
Rebentar colares, partir espelhos, quebrar cristais, 
vergar a lâmina das espadas e despedaçar estátuas, 
destruir as lâmpadas, abater cúpulas, 
e atirar para longe os pandeiros e as liras...


O riso magnífico é um trecho dessa música desvairada.


Mas é preciso ter baixelas de ouro, 
compreendes?
— e colares, e espelhos, e espadas e estátuas.
E as lâmpadas, Deus do céu!
E os pandeiros ágeis e as liras sonoras e trêmulas...


Escuta bem:


Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah! 


Só de três lugares nasceu até hoje essa música heróica:
do céu que venta, 
do mar que dança, 
e de mim.
  

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