Os poetas da Vila Seixas

Os poetas da Vila Seixas

Os poetas da Vila Seixas

 

Na semana passada organizamos um sarau , em espaço nobre , com programação luxuosa ( música ao vivo é um luxo!!), produção caprichada e equipe afinadíssima .

 O parceiro musical e mentor  do projeto, pediu-me, suspirante, dedo indicador apoiando o queixo, a face ligeiramente inclinada e olhos elevados em atitude pensativa, que levasse textos dos parnasianos. “ Queria tanto um sarau com Olavo Bilac, Vicente de Carvalho!”

Daí que fui pesquisar, biografias , poemas, livros... Sim! Sou assim. Coerente do começo ao fim.

Constatei que faríamos um sarau “Vila Seixas”. Lembrando que este bairro de Ribeirão Preto, por uma razão que me escapa, mas que tenho certeza de que algum historiador saberá me explicar,  abriga ruas com os nomes dos poetas, em ordem, à partir da avenida Independência,  ruas Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Amadeu Amaral,  Casimiro de Abreu ,Guimarães Passos e Fagundes Varella.

Poetas parnasianos e românticos.

Os poemas, bem conhecidos, ao menos do público presente, fizeram  brilhar os olhinhos  da platéia e despertaram sorrisos que vislumbravam o passado , épocas outras, momentos felizes invocados pelo poder da palavra.

São poemas queridos, que fizeram parte, eram referências escolares, da infância e adolescência daquelas pessoas,  épocas inesquecíveis da trajetória de todo ser humano.

Cumpri , feliz, minha missão de ser portadora da palavra. Ser condutora da emoção.

E, para não deixá-los de fora, publico aqui, o mais famoso de Bilac, apelando para as memórias dos que o tiveram em convívio no passado, e para a curiosidade dos que  o desconhecem, acreditando no poder de encanto da palavra bem escrita.

OUVIR ESTRELAS- Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

 

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

 

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

 

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

 

(Poesias, Via-Láctea, 1888.)

 

Com meu abraço poético e dando os créditos do evento realizado no Espaço Zaváglia, pelo pianista e produtor, Gustavo Molinari e seu grupo de cordas, com a participação da cantora lírica Quiquita Pileggi Martinelli,e desejando que o dr Verri, historiador, explique a presença da  poesia nas ruas da Vila Seixas, Eliane Ratier

 

 

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