A praia da Paulista

A praia da Paulista

A Praia da Paulista

 

Bem, São Paulo capital não tem mar. Dizem que este é um dos motivos que faz com que a cidade seja menos procurada, como ponto turístico, do que o Rio de Janeiro.

A eterna rivalidade dos desiguais. Rio é Rio, São Paulo é São Paulo, distintos departamentos.

Mas a cidade de São Paulo tem praia.

Sim!!!

E bem no centrão!!!

Uma insuspeita praia com direito a desfile no calçadão, óculos escuros,  música ao vivo, muita gente de todo jeito, paquera, diversão , comidinhas, bebidinhas, novidades e até barraquinhas de artesanato.

Tudo  sem a inconveniente e grudenta areia, sem o melado do salgado mar, sem indecorosas e denunciantes vestes mínimas.

Uma praia urbana, civilizadíssima.

A praia é logo ali, na avenida Paulista. É, aquela dos prédios comerciais gigantes.

Pensava que a Paulista era só dos negócios?

Pois não é!

A avenida é destino de milhares de trabalhadores que chegam escalonados, cada qual em seu horário , mas que, coletivamente são liberados para o almoço na mesma hora.

Ao meio dia as calçadas são tomadas por um mar de gente, como qualquer praia em dia de sagrado sol e verão,  um bloco quase compacto de pessoas que ondula  pela avenida.

Vão almoçar, comprar, falar ao telefone, namorar.

Vão viver o pouco tempo de folga antes de voltar para o ar condicionado dos escritórios .

Mais tarde,  às seis horas, a avenida se enche de gente que não mais passeia , mas que passa apressada rumo à casa, ao estudo, a mais trabalho. Driblam o trânsito em travessias.

Alguns ficam na Paulista para um encontro, um choppinho com os amigos, uma conversa, um cinema, um teatro .

Assim a avenida segue em movimento noturno.

Sábado não tem expediente, mas muitos voltam ao lugar habitual para passear  mais devagar, olhar vitrines, comprar, paquerar, comer diferente, cada um no seu tempo.

As pessoas são as mesmas que dividem elevadores durante a semana e, por vezes, nem se reconhecem, porque mudaram a farda,  estão sem o uniforme de trabalho.

É quando a avenida fica mais colorida.

Aos domingos, o colorido se repete, mas com mais calma, sem o frenesi de compras.

Ali, na praia da Paulista, todo mundo vem para ver, encontrar, ser visto, fazer acontecer na “terra das oportunidades”, de segunda a segunda.

 

Eliane Ratier, voltando da praia exausta de bater perna, olhos ardentes de tanto ver, feliz e anônima  na multidão.

 

 

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