São Sebastião do Ribeirão Preto

São Sebastião do Ribeirão Preto

Hoje é feriado, aqui na terrinha, por conta do santo padroeiro.

Um santo jovem, imberbe, mas altivo em seu martírio de flechas em seu semblante de dor.

Ribeirão Preto também é assim, uma jovem cidade, laboriosa, progressista , maltratada mas ciente de sua capacidade e do seu poder.

Há equívocos dos governantes, graves eu diria, e algum descaso da população que poderia ser mais participativa, e aí também me incluo.

Sempre podemos ser melhores do que somos.

Exercícios de cidadania deveriam ser praticados desde tenra idade nas escolas e serem relembrados por toda vida na comunidade. Talvez seja este o caminho para uma maior participação.

Enquanto isso, pensa-se na construção de um terminal de ônibus urbano nas portas da catedral, sitio histórico da cidade, as principais avenidas da cidade estão no abandono, mato , lixo, calçamento quebrado, há buracos e vazamentos de esgoto e água limpa, e a violência que faz parte da modernidade.

Oremos ao santo mártir pela iluminação e sabedoria e pela força de braços e mãos unidas para ações positivas.

 Poema para o São Sebastião- Eliane Ratier

Ô meu São Sebastião

 no tronco, em praça pública

crivado de dar dó

Até os bichos voltam seus olhinhos para o céu

 pedindo misericórdia

E o santo,

envolto nos poucos panos,

olha  para o alto

como garoto

sem entender o porquê

de tanta flecha,

Senhor,

se uma apenas basta

bem certeira

no órgão do amor

Coração trespassado

não faz cuidado

nem faz querer

de outro ato

É ferida mortal

fim de episódio

que mata bem morto

quem ousa,

como o santo,

despir se do manto

o peito oferecido em entrega

 

Fica a imagem em praça púbica

Alerta de dor

Fazendo pena na gente

 

Ô meu são Sebastiãozinho

faz pena teu corpo jovem

trespassado de dor

teus olhos súplices

em desmaio

teus panos que te despem

É como se a beleza

merecesse pior castigo,

a entrega,

feroz martírio,

a juventude,

crueldade mor

É que se sabe,

meu São Sebastiãozinho,

que tem coisas que só acontecem neste tempo

tenro e cedo

e que nos marcam de desejo

de continuar acontecendo

E tua imagem,

a imagem bela da entrega,

 desta juventude em castigo

avisa,

como um alerta,

que passado e morto este tempo,

não é mais possível.

 

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