Saudades de Mário de Andrade

Saudades de Mário de Andrade

Saudades de Mário de Andrade

 

A Feira do Livro de Ribeirão Preto acabou.

 Foi ótimo, como sempre.  Intenso.

Nós, participantes, vivemos  agora a semana da “ressaca”, onde nos sentimos absolutamente sós, depois de dias de encontros, abraços, idéias, descobertas e pasmos.

A Feira teve, como um de seus homenageados ,o escritor Mário de Andrade,  lembrado por seus 70 anos de falecimento.

Boa oportunidade para estudá-lo, recordá-lo ou descobri-lo, como foi o meu caso.

Apaixonei-me por Mário, sua índole e seu fazer.

Tomei-o por um próximo,  um íntimo de perfeito entendimento.

Não quero mais largá-lo.

Ainda falaremos dele. Ele também é tema da FLIP, Feira Literária de Parati.

Mas, para não perdê-lo, partilho-o com vocês na forma de um belo poema que fala de seu absoluto amor por sua cidade.

Viva Mário!

Quando eu morrer quero ficar 


Quando eu morrer quero ficar, 
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade, 
Saudade. 

Meus pés enterrem na rua Aurora, 
No Paissandu deixem meu sexo, 
Na Lopes Chaves a cabeça 
Esqueçam. 

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano: 
Um coração vivo e um defunto 
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido 
Direito, o esquerdo nos Telégrafos, 
Quero saber da vida alheia, 
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade. 
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

 

 

Mário de Andrade ANDRADE, M., Lira Paulistana.

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