Ser de maior

Ser de maior

Ser de maior

 

Não vou entrar em detalhes técnicos porque não sei.

Só sei que quem trabalha com crianças e as vê nas creches, pré escolas e escolas sabe , desde cedo, o que lhes aguarda se suas histórias acontecerem sem intervenção.

Quando falo de intervenção, não estou contando com a divina e sim com a bem humana.

Crianças abandonadas sempre existiram e sempre existirão.

Criança é ser indefeso, trabalhoso no trato, coisa de muita responsabilidade.  Não é para qualquer um.  Para criá-las é preciso grande desprendimento, muita dedicação e amor.

Abandonadas, sobrevivem da caridade e da compaixão, inicialmente de parentes e vizinhos, depois das instituições.

Conforme crescem vão sendo entregues a própria sorte.

Temos vagas garantidas nas instituições de ensino, mas é necessário que alguém as matricule e se responsabilize por elas.

Somos paupérrimos em assistentes sociais. Desta forma , os profissionais da educação é que se esforçam, movidos por um sentimento solidário, para ajudar de alguma forma. Mas são muitos os casos, pouca a gente,  e menor ainda o tempo  livre para isso.

Assim, vemos, lamentavelmente, as coisas tomarem o rumo desastroso e choramos nossa impotência.

Alguns que imputam toda culpa , direitos e deveres, ao estado,  e que se atém ao exclusivamente profissional, esquecendo-se que lidam com gente, e não com máquinas, estes, também são testemunhas e vítimas de  sua omissão.

Então ,quando vejo a lei da redução de maioridade penal sendo aprovada, e as declarações dos governantes expondo números absurdos do montante a ser gasto para a adequação das prisões, penso, tão ingenuamente, mas tão sinceramente, que, se este dinheiro fosse aplicado ali, na base, na assistência social e na educação, no auxílio às famílias,no suporte físico e emocional de nível profissional,  no esforço para permanência do jovem na escola,  em cursos profissionalizantes, em escolas de tempo integral, em cursos complementares, principalmente aqueles que estimulam o pensamento crítico,  no combate ao tráfico de drogas, na educação das mulheres, que são as responsáveis por gerar e educar a humanidade, se fosse aplicado nisso, talvez não precisássemos de mais vagas nos sistemas prisionais.

Talvez... É uma aposta.  É uma tentativa, ao meu ver , com mais chances de sucesso, embora em mais longo prazo, do que a prisão de criminosos,  e como acontece na maioria dos casos, sem oportunidade de recuperação deste jovem indivíduo para a sociedade.

Não quero com isso, demovê-los, caros leitores , de suas opiniões pré- concebidas, apenas quero externar a minha e junto com ela a tristeza profunda  pela  crianças desprotegidas, desorientadas, perdidas.

Eliane Ratier , lembrando das carinhas sorridentes das crianças, que hoje são adultos, e que estão fazendo suas opções de vida para o bem e para o mal.

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