Metas: um importante processo de aprendizagem

Metas: um importante processo de aprendizagem

A definição de metas é fundamental para qualquer pessoa atingir seu potencial pois, se bem elaboradas, elas nos tiram da zona de conforto e nos impulsionam rumo a novas conquistas. Como disse o filósofo Sêneca: “Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável.” Se sabemos em qual porto desejamos atracar, conseguimos identificar quais são os ventos favoráveis e os aproveitamos içando as velas. Identificamos, também, os ventos desfavoráveis e os enfrentamos. Mas, se não sabemos aonde queremos chegar, como identificamos os ventos? Sem dúvida, corremos o risco de viver à deriva ou de chegarmos a um porto que não contribuirá para o nosso desenvolvimento.

Convencido da importância de definir metas, como alguém pode estabelecê-las para sua carreira profissional? O primeiro passo é identificar oportunidades de crescimento. Para tanto, demande feedbacks de seus superiores sobre a sua performance e o que você poderia fazer para aprimorar sua performance na empresa. Além disso, fique atento às tendências e às inovações do mercado. Nesse processo, poderia ficar evidente a importância de você se atualizar por meio de um MBA ou um curso de idiomas, por exemplo. Ingressar em um desses cursos poderia, então, ser sua meta para o ano de 2020. Além de atingir a meta em si, você sinalizaria para seus superiores sua disposição em se aprimorar para atingir novos e melhores resultados.

O potencial de uma meta de nos trazer benefícios depende de alguns cuidados. Em primeiro lugar, saiba que este é um processo de aprendizado como outro qualquer e, como tal, no início você corre o risco de elaborar metas inadequadas por não ter a devida prática. Quais são os erros comuns? Elaborar uma meta muito simples, que não induz esforço e não lhe tira da zona de conforto, ou uma meta irrealista que, por não ser atingível, causa apenas frustração. No exemplo acima, considere uma pessoa que decide realizar um MBA e fazer um curso de idioma aprofundado ao mesmo tempo. Ora, sem tempo hábil para realizar essas duas tarefas, ela tende a se frustrar por não perceber uma evolução em seu aprendizado, podendo inclusive desistir de ambos os cursos. Outra meta irrealista seria achar que em poucos meses de estudo pudesse tornar-se fluente em inglês.

Outro exemplo para entendermos esses extremos é o do vendedor. Imagine que ele estabeleça a simples meta de continuar vendendo 20 mil reais por mês. Ora, isto não o induz a fazer um esforço adicional, tão pouco a aprimorar suas habilidades de venda, pois ele já atinge esse patamar. Por outro lado, uma meta de 40 mil reais não é realista. Quem consegue dobrar o volume de vendas em um curto espaço de tempo? Certamente, esta é uma meta que causará apenas frustração.

Surge, então, a pergunta: como lidar com erros próprios de qualquer processo novo em nossas vidas? Não desistir. Continuar a estabelecer metas para que você tenha tempo de aprender como elaborá-las. Se o vendedor persistir, ele perceberá que uma meta de 21 mil reais por mês é interessante. Ela é muito mais realista, pois equivale a um aumento de 5% nas vendas, mas não foi alcançada em seu passado, o que o incentiva a se esforçar mais e a se aprimorar. No entanto, diante do fracasso na elaboração de metas, muitos chegam à conclusão equivocada de que elas não são úteis. Ora, esses abandonam o processo de aprendizagem e correm o risco de ficarem à deriva ou de atracarem em portos que não os ajudam a atingir todo o potencial que possuem.

Por fim, é importante dizer que não devemos nos limitar a metas profissionais. Por exemplo, metas relativas à família são importantíssimas. Cada vez mais devemos nos ver como um ser que não pode ser segmentado em diferentes áreas, afinal problemas familiares persistentes, além de indesejáveis, fatalmente prejudicarão o desempenho profissional de qualquer pessoa. 

Publicado originalmente pelo autor no Jornal da USP.

Créditos da imagem: Glenn Carstens-Peters, do Unplash.

 

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