Há Beleza no Vestibular ?

Há Beleza no Vestibular ?

Outro dia, ouvi uma aluna chorando em seu lugar na sala. “Eu fico muito ansiosa na hora de responder às questões!”. Outro dia, vi um aluno se descabelando: “Tô desesperado, não consigo mais estudar!”. Outro dia, não vi, porque aquela aluna que toma café para ficar acordada, - a mesma que me disse um dia gostar das músicas de Cartola - dormiu mais e faltou. Outro dia... e passaram-se quase trinta anos ouvindo alunos vivenciando vidas no Vestibular.

Então, eu me perguntei se há Beleza no Vestibular.

Fiquei pensando se seria possível o vestibulando retirar algo de positivo nesse processo, ou se é só o sofrimento pela conquista da vaga na universidade. Aparentemente é uma relação dicotômica, entre o bem e o mal, entre o vencer e o perder, entre o tudo e o nada. Mas talvez essa fase da vida do jovem não seja tão antagônica assim.

Nessa aventura, muitos querem ver o fim do caminho e se esquecem de que ele só aparece quando construímos nossa caminhada, a qual nem sempre é suave: a vida é assim, com ou sem vestibular. Muitos querem se transportar para o finalmente e, muitas vezes, quando chegam próximos a ultrapassar o portal, lembram-se que não levaram algo fundamental na bagagem:  ou o conhecimento, ou a técnica, ou a identidade, ou a coragem. Cada mala aberta na sala de provas traz o que cada estudante guardou nela durante o percurso, durante o ciclo de aprendizagem.

Quem faz a jornada – e dela retira os ensinamentos, cruciais para se ultrapassar a linha – sabe que em todo o tempo, no dia e na noite, há paisagens lindas e vales sombrios. O vestibulando que faz o caminho da conquista sabe que a alma não se acalma só no fim. Ela precisa ser diariamente refrescada, relembrada do sonho, tranquilizada, sossegada e revivida para que o corpo chegue ao final que, ironicamente é, na verdade, o começo.

A face linda não está na escrita do nome da faculdade na testa, mas nos sorrisos que apareceram no caminho, que foram guardados em marcas indeléveis, sinais de passagem sem volta, mesmo que seja necessário fazê-la novamente, e novamente, e novamente, e mais uma vez, até o dia da chegada. Pelo caminho, sem nenhum paralelismo, amigos, gritos, desafios, professores, simulados, parentes, coaches, choros, sorrisos, mãos estendidas, energéticos, mãos com pedras, cobranças, acertos de questões... e músicas de Cartola: “bate outra vez, com esperanças o meu coração...”

Sim, há Belezas no vestibular e espero que você consiga descobri-las para vencer.

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