Ante o Natal de Jesus - Jair Presente / Chico Xavier

Ante o Natal de Jesus - Jair Presente / Chico Xavier

ANTE O NATAL DE JESUS

No termo do ano passado, 

Tive um chamado ideal:  

Devia dar assistência 

aos serviços de Natal.


Fiz preces, rogando à Deus

paz na mente, amor e luz,

sabendo que aquela data 

era festa de Jesus.


Comecei a trabalhar

testando-me a confiança . . . 

que Deus me desse mais força,

mais apoio na esperança.


Fiquei porém desgostoso,

pois no grande Feriado

só se falava da festa,

Jesus não era lambrado.


Primeiro fui à mansão 

do meu amigo João Dias,

ele estava entusiasmado 

comendo duas cotias.


Então fui ver Dona Eulália,

conhecida por Luloca.

Ela e o marido traçavam

lingua de boi com paçoca.

 

Fui no encalço do pastor,

pregador "cara e coroa".

Ele estava em grande presa,

temperando uma leitoa.


Encontrei no galinheiro,

vasta frota de perús.

Coitados, nenhum deles 

quis falar sobre Jesus.


Recordei Dona Germana,

famosa em fazer angú.

Germana e os filhos trinchavam

lombo de porco e tutú.


Muito triste, procurei

a casa de João Chichorro.

No entanto revi o amigo 

devorando o próprio cachorro.


Fui ao pouso de Donana,

a caridade segura.

Ela estava degustando

farofa de tanajura.

 

Parei na casa de Lauro

que vivia no descanso.

Ví Cocota, a esposa dele,

cortando a guela de um ganso.

 

Vascilando, entrei no lar

do compadre João Tato.

O amigo se achava à mesa,

comendo carne de gato.

 

Procurei seguir em frente,

parei no bar de Ciloca.

Ela se achava "arrumando"

cinco quilos de minhoca.

 

Em seguida, busquei

o sítio do Adão do Embalo.

Dizendo ter muita fome,

comia o próprio cavalo.

 

Pensei na casa de Antônio,

o antigo dono dos tangos.

Já não dançava, comia,

só de uma vez, cinco frangos.

 

Em total abatimento,

lembrei-me do Heví da Cruz.

Se visse tanta matança,

o que diria Jesus !


Em qualquer parte onde eu ia,

estavam potes de borco.

Carne de gado no abate,

carne de cabra e de porco.

 

Porque, meu Deus ? perguntei,

neste dia sem igual,

há tanta morte ,

sobre as horas do Natal ?

 

O homem do dia-a-dia

matava só por prazer . . .

O homem não acharia

outra coisa para comer ?

 

As espécies de animais

recebem nos dias seus,

a bondade e a proteção

que chegam do amor de Deus.

 

Ante o Natal de Jesus,

guardando os princípios sãos,

comer carne, nem tanto,

Deus bendirá vossas mãos.
 

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