Ano letivo termina e estudantes pedem acolhimento!

Ano letivo termina e estudantes pedem acolhimento!

Crianças e jovens estão extremamente aflitos emocionalmente pela situação desastrosa e traumática pela qual passaram com a pandemia. Eles, apesar do retorno das aulas presenciais, demonstram sinais claros de total estresse por medo, ansiedade, angústia, tristeza, enfim, várias emoções que, muitas vezes, nem conseguem descrever ou expor. Estão sofrendo e pedindo socorro.

E por que essa faixa etária é uma das mais afetadas pela pandemia? De que forma a socialização e a retomada ao espaço educacional ajudam a aliviar os sintomas? Por que é tão importante que haja um suporte com olhar muito mais voltado ao acolhimento emocional que pedagógico na retomada das aulas no próximo ano?

A princípio, é fácil afirmar que o fechamento das escolas tão rápido e de certa forma tão agressivo como foi no início da Pandemia, já causou um impacto de muita insegurança na maioria das crianças e jovens que têm no ambiente educacional o refúgio emocional e alimentar.

 A sensação de incerteza provocada pela Covid, que talvez não deve ter sido tão bem trabalhada ou elaborada nos lares dessas famílias só aumentou gerando mais dúvidas, levando ao sofrimento em silêncio causando aflição pelo medo de perder o pouco do que lhe proporciona alegria no dia.

A constatação de parte dessa ansiedade surgiu através de uma atividade aplicada na sala de aula com o objetivo dos alunos redigirem pequenos textos sobre a preferência em relação ao gosto por livros, vídeos ou filmes. Não era o intuito, mas a maioria justificou a preferência como forma de “fuga” dos problemas ou ansiedades. Uma das respostas foi: "Eu gosto de usar o celular, porque lá eu me sinto feliz e eu perco a minha ansiedade. Lá eu posso fazer amigos e eu fico mais alegre. Eu esqueço dos problemas da minha família". 

Crianças e jovens vivem e passam, muitas vezes, por situações já conhecidas de muito abandono e, por essa razão, se sentem acolhidos na escola, quando recebem um olhar, um gesto de afeto, um prato de comida quentinho, um “Parabéns!” estimulando a continuar, entre tantas outras atitudes que demonstram o quanto o mundo fora da realidade familiar pode ser mais colorido e tranquilo.

Por isso, os espaços educacionais, que já vêm, há um tempo, atuando com o compromisso de se adequar a nova realidade social de se alinhar às famílias na tarefa do cuidar e educar, estão diante de um novo desafio que é olhar e acolher o que todos os alunos sentem com muito mais atenção além do que apenas sabem e do que aprendem.

Educar não é, nunca foi e jamais poderá ser negócio lucrativo ou apenas fonte de renda. Educação é transformação da sociedade que cuidará do futuro de todos os envolvidos no processo. Educar é amar em limitar e limitar por amar. É acolher por amor, por simplesmente querer um mundo mais humano e feliz. E todas as crianças e jovens dependem de cada professor e profissional da educação que se dispõe a estar lá para acolhê-los e recebê-los da forma mais humana e sensata possível. 

Por isso, considerando que não existe sociedade dividida e não existe realidade pública separada da particular vivendo em mundos diferentes, toda a política pública assim como toda a equipe pedagógica precisa estar ciente e consciente do fato de que Educação tem a missão de transformação social da qual todos fazem parte.

 

 

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