É necessário voltar ao espaço educacional!

É necessário voltar ao espaço educacional!

   O retorno às aulas presenciais é uma questão extremamente necessária e que não admite mais tanta discussão sobre acontecer ou não ainda nesse ano de 2021. Após mais de um ano e meio fora do ambiente educacional, crianças, jovens e adultos, assim como toda equipe pedagógica, educacional e escolar, precisam urgentemente voltar a interagir de perto para que a Educação volte a acontecer mais produtiva e construtiva possível. Negar a importância do retorno e promover movimentos que o atrasem é, no mínimo, uma atitude desrespeitosa com a formação e transformação da sociedade, da qual todos estão envolvidos.

   Sendo assim, por que voltar e como voltar? Qual é a diferença do ensino remoto para o ensino presencial e de que maneira a falta da interação afeta o desenvolvimento educacional?

   Voltar à rotina educacional é bastante importante porque a formação do ser humano precisa acontecer no âmbito social por meio da interação com outras pessoas, numa troca de saberes e habilidades que lhe permitem ser educados pelo mundo. Educados porque aprendem a conviver com regras, limites, convenções sociais e leis, além de terem acesso aos componentes curriculares que lhe fornecem conhecimento para elaborarem conceitos a fim de se desenvolverem competentes em usar as habilidades adquiridas através da interação com a sociedade. Conceito esse defendido por Paulo Freire, quando coloca que “Educar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para sua produção ou construção”.  E é, justamente, no âmbito educacional que parte dessas habilidades são construídas, pois é com toda a mediação escolar que crianças, jovens e adultos têm acesso a conteúdos, a fim de desenvolverem suas próprias idéias para se tornarem críticos e construtores da sociedade.

   Por isso, o ensino presencial é importante e altamente válido. É no espaço educacional que o ser humano se constrói além do que vive fora dele. A interação para mediação fica muito mais fácil, quando o aluno está próximo do profissional da educação, pois, pode receber o auxílio bem mais pontual e eficaz para uma questão, como por exemplo, ter sua mão segurada e apoiada para fazer o traçado de uma letra ou número, que não esteja conseguindo sozinho; ou também, pode receber e visualizar o reforço para construção de um conceito, ao ter acesso a materiais concretos que auxiliam em questões como cálculos com material dourado ou alfabeto móvel; ou utilizar de objetos concretos também para entendimentos de questões de componentes curriculares como Geografia e História; ou mesmo entender regras e a importância dos seus deveres e direitos no convívio social e coletivo, enfim, várias possibilidades que permeiam o universo educacional e mediam a formação do ser humano.

   É impossível não reconhecer que o ensino remoto proposto como alternativa, para que a Educação não fosse totalmente paralisada durante a exigência de afastamento social provocada pela Pandemia, tenha sido eficiente no que esteve ao seu alcance ao ofertar conteúdos por mídias, aplicativos, atividades impressas, e todos os recursos encontrados por profissionais da Educação para auxiliar crianças, jovens e adultos e evitar que ficassem no escuro e desamparados por tanto tempo. O ensino remoto atingiu parte da sua proposta, principalmente, quando foi bem recebido e desenvolvido por toda a equipe, assim como famílias e estudantes, que estiveram engajados, apesar das limitações que cada um tinha para essa questão. É um fato que países como o Brasil vivem uma desigualdade social gigantesca e, infelizmente, a Pandemia pegou todos os brasileiros de calça curta e exigiu da população uma adaptação extrema para lidar com os efeitos dessa crise sanitária, pois muitas casas brasileiras ainda não têm acesso à internet. De acordo com IBGE, em 2019, o Brasil ainda tinha em torno de 40 milhões de pessoas sem acesso à Internet.  E esse é um problema relevante demais, pois acaba sendo uma questão bem difícil para um aluno, que não tem conexão de internet, poder assistir a uma vídeoaula, por exemplo. Além da questão do acesso, a população precisou lidar com a questão do desemprego, que levou mais famílias à pobreza. A merenda escolar ainda é para muitas famílias a única refeição de segunda a sexta-feira.

   Sendo assim, voltar ao espaço de interação educacional como creches, escolas, cursos e universidades é urgente. Não dá mais para protelar o retorno, quando se pensa apenas em um grupo da sociedade, que, infelizmente, defende razões absurdamente egoístas e surreais ao não considerar o que, de verdade, importa para toda a sociedade. Defender o não retorno, se ainda existe um risco de contaminação alto pelo Coronavírus, é tolerável. Mas, se a defesa for embasada em caprichos e razões infundadas, não há como concordar com evitar que as aulas voltem ao modo presencial.

   A sociedade brasileira clama por Educação de sua população, que lhe ensine a saber viver individual e coletivamente, conseguindo se manifestar bem ao escrever e falar, sabendo se colocar de forma justa, responsável e ética socialmente, respeitando regras e convenções sociais, enfim,  tendo o senso crítico para alinhar suas necessidades pessoais e sociais ao mundo à sua volta. Apenas quando houver um entendimento de que a Educação tem o objetivo de transformar vidas e a sociedade, da qual todos fazem parte e são interligados, o mundo estará no caminho certo. O investimento em Educação deve ser feito sem limites, a fim de construir seres humanos críticos e capazes de refletirem sobre sua missão como partes integrantes e responsáveis pelo desenvolvimento do mundo que querem para si e para todos.

Imagem destaque com Download gratuito pelo site Pinterest acessado em 22/08/2021 pelo link: https://br.pinterest.com/pin/708261478893216645/

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