Mãos que se acolhem

Mãos que se acolhem

     A Educação de Ribeirão Preto clama por um olhar de acolhimento extremamente abrangente que, literalmente, enxergue as verdadeiras necessidades dos seus alunos, pois a aprendizagem só será construída, quando todos os estudantes estiverem sendo amplamente respeitados em relação às questões de saúde física e mental, alinhados aos seus direitos previstos pela Constituição Federal.

    De acordo com o art.205 da CF., “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

     Sendo assim, o que está faltando? Por que a Educação, em nossa cidade, ainda erra em não acolher os alunos, percebendo-os como indivíduos com questões para além do muro da escola?

       Uma das grandes falhas do processo, hoje em dia, é a permissão “indireta” dada a crianças e jovens para se comportarem de maneira inapropriada nos ambientes escolares, sem a organização adequada no ambiente escolar. Literalmente, se não existem regras claras, que sejam cumpridas, pela equipe pedagógica e gestora em parceria com a família e comunidade, haverá uma desordem no processo de ensino-aprendizagem, já que o educar e cuidar não acontecerá em harmonia.

    A sociedade é estabelecida de acordo com regras e limites. A escola tem a sua função social. Por isso, todos os momentos para um aluno precisam ser direcionados com limites e combinados, que os levem ao entendimento da importância da sua posição social naquela questão.

       Se ele escolhe pegar o alimento oferecido como almoço, qual o direito de jogar no lixo toda a comida, sem nem comer? Oferecer a reflexão nos momentos, que antecedem a alimentação, ajudam muito a evitar o desperdício. Esse olhar do professor da turma, do apoio escolar, das merendeiras, enfim, de quem acompanha os momentos da alimentação, é muito importante para construir nesse aluno a

     Ao considerar os ensinamentos do renomado livro “A arte da Guerra”, temos que

                                        “Sun Tzu disse: “Se as ordens não são claras e diretas, se as ordens não são completamente entendidas, então a culpa é do general”. “Se as ordens não são claras e diretas, se as ordens não são completamente entendidas, o general é o culpado. MAS se suas ordens FOREM CLARAS e os soldados mesmo assim desobedecerem, então a culpa é de seus oficiais.”

    Dessa forma, clareza e objetividade são fundamentais para que a sociedade seja formada e transformada. E o processo só vai acontecer, e só haverá um entendimento, se profissionais da educação e alunos estiverem alinhados.

    E esse alinhamento precisa acontecer, tanto em relação às normas de conduta, quanto em relação à aprendizagem. Se, infelizmente, houver uma defasagem da base que deveria ter sido construído em casa, a escola precisará desempenhar esse papel, educando e cuidando.

     Basicamente, se não há acolhimento, não há processo. Aprendizagem é, literalmente, o afeto que demonstra o quanto se gosta e se preocupa. E seria surreal imaginar um profissional da educação com um propósito que não o de se interessar com o desenvolvimento de seus alunos. Só há um desenvolver significativo, quando os alunos percebem o cuidado. Quem não se sente olhado e afetado positivamente, não responde de maneira positiva. Um sorriso, um elogio, uma expressão de “eu acredito em você” mudam o dia de um aluno. E é no dia após dia que a Educação Municipal de Ribeirão Preto precisa começar a mudar. Tocando os alunos e percebendo neles, o potencial de uma sociedade; mas, ao mesmo tempo, enxergando a vulnerabilidade e carências de crianças e jovens sem os pais, sem condições básicas de higiene, sem roupas limpas, sem oportunidades de momentos de silêncio em casa, enfim, sem tantos confortos e situações boas, que só é possível saber, vendo de perto.

    Sendo assim, as mãos precisam estar mais unidas em favor de um propósito muito maior, que é o futuro de uma sociedade. A vida depende de uma relação muito mais afetuosa e humanizada nas unidades escolares. Mas, acima de tudo, que, quem cuida, possa sentar entre os alunos, escutar o que eles têm para dizer, possibilitando o diálogo, ensinando e construindo regras, além das normas de condutas e de comportamento, aconselhando e, realmente, desejando que eles sejam pessoas boas a todo o momento e em todo o lugar.

    

 

Imagem destaque de acervo pessoal. 

    

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