O sujeito educadamente modificável

Gabriela Bell

28 Mai 2019 07:59

A Educação é sempre um assunto extremamente relevante e interessante como o melhor investimento social que existe na vida. Para ser sociável e estar apto e conectado ao mundo, qualquer sujeito precisa estar educado num contexto que faça sentido e que esteja de encontro às suas necessidades e questões. Dessa forma, só há desenvolvimento educacional se o sujeito estiver educado em um padrão que lhe atenda biológica e psicologicamente, não havendo barreiras que impeçam o progresso da Educação.

 Sendo assim, como atender um sujeito e oferecer-lhe a construção do conhecimento, de forma que seja significativa e, realmente, transforme e forme seu organismo cognitivo num processo ideal para uma vida de qualidade e crescimento bem desenvolvido em todos os âmbitos da sua trajetória como ser humano?

Para Charles Hadji, no livro  "Pensar & Agir a Educação", "a educação só é possível, em princípio, na medida em que o sujeito for modificável; precisamos saber se o indivíduo não está fechado em alguma barreira inexorável de ordem biológica ou psicológica. A ideia de educabilidade é, então, compatível com o que se sabe hoje sobre o desenvolvimento?"

Ao considerar educabilidade com o desenvolvimento, levando em conta a disposição do sujeito a ser educado, é sempre interessante ressaltar que as barreiras das quais Hadji fala, são muito mais comuns no ambiente e universo educacional do que a Educação, como sistema, existe. Para que um sujeito, esteja, verdadeiramente, apto à educação como objeto, o olhar educacional tem como sentido estar orientado em um organismo caracterizado poir questões cognitivas, fisiológicas, ambientais, enfim, uma série de fatores que são a identidade do sujeito educacionável.

Sendo assim, para educar, é preciso entender o sujeito e seu universo. Um sujeito que esteja fechado em seu organismo por alguma razão ainda não acessada por quem ou pelo sistema que lhe oferece a construção do desenvolvimento, não conseguirá se sentir educável e não será receptivo à educação. O sujeito precisa do olhar educacional totalmente apropriado a ele. E qual é esse olhar? Um olhar que humaniza o sujeito e o avalia afetiva e cognitivamente, antes de lhe oferecer a aprendizagem de conceitos.

Dessa forma, Para Hadji, no mesmo livro, "então, a única maneira de revelar cada uma dessas novas partidas, é estar constantemente atento ao comportamento e às produções de cada um". Por isso, ao haver uma consideração de que cada sujeito é um ser humano disposto a aceitar o que lhe faz sentido e a responder ao estímulo da aprendizagem, de acordo com suas condições, haverá um acolhimento de produções com maior propriedade afetiva entendendo o sujeito no que ele realmente precisa. No caso de sujeitos com barreiras provocadas por quaisquer que tenham sido os fatores, o acolhimento se faz mais necessário antes que qualquer estímulo seja exigido, pois para produzir, um sujeito precisa estar afetiva e emocionalmente pronto e sentindo-se confortável para quem ele estará oferecendo o que aprendeu. 

Imagem baixada do site Pinterest