Um pedido sério de criança!

Um pedido sério de criança!

As crianças e todos os alunos que ainda não retornaram ao espaço escolar para aulas presenciais anseiam demais por essa modalidade de ensino. Os pedidos se tornam cada vez mais freqüentes e também se torna cada vez mais urgente que haja uma mobilização de toda a esfera administrativa para que o desejo dos estudantes e suas famílias seja atendido.

Sendo assim, por que o pedido para que as aulas presenciais voltem a acontecer no espaço escolar é sério? O que ainda falta para que os espaços educacionais estejam totalmente dispostos e em condições de abrir seus portões para que todos os alunos possam regressar definitivamente à interação que visa a construção do processo de ensino aprendizagem?

Tendo em vista que a Pandemia caiu de repente no colo do mundo todo no começo há quase 2 anos, é fácil considerar que um dos aspectos mais importantes a serem levados em conta nesse momento é o emocional, já que quando as aulas presenciais de 2020 foram interrompidas em começo de março de 2020, já havia passado o período de adaptação para muitos alunos.

Essa primeira fase no começo do ano letivo é fundamental para criação de fatores como confiança, vínculos afetivos, estabelecimentos de rotinas entre outros acontecimentos que fazem parte da dinâmica diária da interação escolar entre aluno e comunidade escolar. O prejuízo pela interrupção se deu porque nenhum ser humano estava preparado para o que aconteceu. Foi bem desafiador ter passado pelo período de adaptação, sem poder desenvolver um trabalho de construção de aprendizagem como deveria ser e, em seguida, precisar oferecer conceitos de forma remota para alunos com quem o professor não teve mais contato pessoal e dos quais nem pode despedir e encerrar o ciclo no final do ano.

No caso dos alunos, passada a adaptação, eles também precisaram ficar em casa, sem, muitas vezes, entender o que estava acontecendo, e, em muitos casos, sem condições de internet para ter acesso às aulas remotas ou econômicas para alimentação tendo em vista que muitos dependem da refeição que fazem nas escolas. E por conta de toda essa fase turbulenta, não houve contato pessoal com professores e também não houve a elaboração de uma despedida e encerramento de ciclo no final do ano letivo, o que é tão importante quanto o início com a adaptação.

Esses são alguns dos motivos que levam um aluno a pedir urgência no retorno às escolas. A socialização, alimentação, contato com professores, equipe escolar e pedagógica, entre outros estão no topo da lista dos desejos que embasam um pedido e o fazem sério, quando escrito por uma criança através de uma mensagem remota. O formato digital ainda faz o recado ser mais grave, pois a distância que o caracteriza é enorme e não facilita nem um pouco a identificação de mais questões envolvidas em tal solicitação. Num modelo presencial, uma fala manifestando querer algo vem sempre acompanhada de um olhar, expressões, formatos de letras, traçados e símbolos que tornam mais fácil identificar o que está por trás do que se diz. Mas em letras de teclado sem o som da voz e o olhar de quem se manifesta, fica tudo mais indefinido.

Dessa forma, não dá mais para prorrogar o retorno às aulas presenciais. Não dá mais para ignorar os pedidos da comunidade escolar e do grito de alerta dos alunos. Não dá mais para deixar de vacinar e deixar de fazer a lição de casa que é zelar pelo direito à educação. Não dá mais para deixar de escutar o que a equipe pedagógica está dizendo sobre seus espaços escolares que precisam ser renovados diante o novo momento educacional que pede um novo ambiente com energia nova e em condições sanitárias para atender a todos com total segurança.

Por isso, o momento pede acolhimento, acolhimento e acolhimento de todo e qualquer pedido dos alunos e suas famílias para retomar a construção de uma Educação que faça sentido e não seja apenas uma mera transmissora de componentes sem regras, sem embasamentos, sem um olhar de cuidado e sem harmonia entre os quatro pilares da educação que são o aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e o aprender a conviver.

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