Resolvendo velhos problemas
Quantas vezes você esteve diante de um problema do dia a dia e não soube como resolvê-lo? Desde problemas maiores e mais complexos até aqueles problemas corriqueiros, que aparecem no ambiente de trabalho ou na nossa vida pessoal, mas que se repetem e nós já não sabemos o que fazer para solucioná-lo definitivamente.
A sensação é que tomamos sempre a mesma ação ou algo muito parecido com a ação anterior. E, assim, tentamos remediar o problema mesmo sabendo que ele irá reaparecer depois de um período. Afinal, o que podemos fazer? Não nos vem nenhuma ideia de como resolver isso de forma diferente.
Como consequência, admiramos pessoas que encontram soluções criativas para problemas comuns. É comum a divulgação em redes sociais de soluções curiosas e inovadoras para pequenos problemas do nosso dia a dia. Mas como encontrar essas soluções?
O processo criativo opera sempre amparado por dois grandes campos, que se comunicam. Como dois círculos que apresentam uma intersecção. Cada círculo tem a sua área própria, mas que apresentam uma sobreposição. De um lado, temos uma área ligada à imaginação e de outro a área ligada às soluções tradicionais.
O mais importante é perceber que não se trata de um juízo de valor. Não há uma área mais importante que a outra. Tanto a área da imaginação quanto a área das soluções tradicionais são igualmente importantes para a solução dos problemas.
Entretanto, não devemos permanecer em apenas uma destas áreas. Não devemos ficar nem em um extremo e nem em outro. Imaginar é muito importante e extremamente desejável, mas permanecer apenas no campo da imaginação significaria ser uma pessoa divagadora, desconectada da vida prática ou, como costumamos nos referir informalmente, com “a cabeça nas nuvens”.
Por outro lado, permanecer apenas no campo das soluções tradicionais nos tornaria replicadores de ações já experimentadas por outras pessoas, outras corporações ou outras instituições. Adotando sempre soluções já conhecidas não nos seria possível inovar. A criatividade está justamente na intersecção entre o campo da imaginação e o campo das soluções tradicionais.
Imaginar é fundamental, mas as ideias devem ser implementadas. A ideia deve vir acompanhada de ações planejadas e organizadas sequencialmente para que a inovação ocorra. A implementação das ideias exige conhecimentos prévios, por isso as soluções tradicionais permanecem relevantes no processo de inovação. A criatividade é, portanto, um pré-requisito para a inovação.
Não se deve, porém, atribuir um caráter romântico ao conceito de inovação. Muitas críticas são feitas a este ou aquele empresário, por exemplo, acusando-os de não serem inovadores, como se fosse um sinal de covardia ou de incapacidade de desenvolver a criatividade.
Deve-se destacar aqui que toda solução criativa é, naturalmente, mais arriscada que uma solução tradicional. Uma solução tradicional, por se tratar de um conjunto de ações já conhecidas e testadas é sempre uma solução de risco mais baixo. É natural que empresários, em muitas ocasiões, prefiram a redução de riscos.
Isto também se aplica a todos nós em nossa rotina. Se a necessidade for, por exemplo, um tratamento médico, é natural que se prefira um método tradicional, em que os procedimentos e os resultados já são amplamente conhecidos e comprovados, que um método criativo, pouco conhecido e com risco mais alto.
Nunca será negada a importância de soluções tradicionais para a solução de muitos problemas. Mas não devemos ficar presos a este campo. Caso contrário, a inovação não ocorrerá. E, na busca por riscos mais baixos, apresentamos certa resistência em imaginar. Imaginar soluções diferentes é o primeiro passo para a inovação.
Evidentemente, nem toda ideia terá condições para ser implementada. Mas imaginar soluções diferentes para os problemas já conhecidos deve ser um hábito. Um hábito que deve ser estimulado. Com ele, em pouco tempo, ideias interessantes virão.