
Boca torta
Os antigos, mas nem tanto, diziam que o hábito do cachimbo deixa a boca torta. Pois então, os vereadores de Ribeirão Preto, pelo menos uma parte deles, estão com a boca torta. E bem torta. Virou mania trocar hábitos por obediência ao Regimento Interno da Câmara, principal balizador de atos dos nobres parlamentares.
Há quem grite contra as ocorrências. Muitos questionam os maus hábitos. Se puderem, no entanto, em benefício próprio, ignoram também as normas e regras. Tem sido assim ao logo de mandatos.
Sempre há dispostos a enfrentar as normas aprovadas pelo próprio colegiado. Com outros nomes, claro. Mas há gente aprovando coisas para serem cumpridas também por outros.
Então, mas nesta semana, os vereadores se superaram. E muito. Em obediência a um hábito contrário ao Regimento Interno. Mas este débito específico conta específica deve entrar do presidente Walter Gomes (PR).
Sempre que há alguma convocação de secretários para explicações no Legislativo e o convocado pede para antecipar a ida, os vereadores aceitam como um gesto de boa vontade do agente político da Administração. E até consideram um ato elogiável.
Segundo o vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB), decano do Legislativo de Ribeirão Preto, o hábito é tão comum que ele já participou de vários e que há até atas para confirmar a existência de tais fatos.
Pois na terça-feira o hábito voltou a acontecer e atormentou a vida dos vereadores. Cheio de boa vontade, o secretário da Administração, Marco Antônio dos Santos, pediu para antecipar sua ida à Câmara e o presidente aceitou.
Não imaginou, nem de longe, o que aconteceria na sessão. Um festival de acusações fez com que a reunião fosse suspensa e não tivesse qualquer validade. Isso porque o secretário foi ao local no mesmo dia em que o projeto de resolução de convocação foi lido. A aprovação seria na sessão seguinte.
Agora o hábito pode prejudicar o próprio Legislativo. O fato pode prejudicar a aprovação de nova convocação. Caso a maioria vote contra, não haverá mais explicações. E a fiscalização ficará, pela enésima vez, prejudicada.
É claro que no calor da lição, o presidente prometeu cumprir com rigor o Regimento Interno. Bobagem. A promessa já foi feita outras vezes, por outros presidentes.
AQUÍFERO GUARANI?
Pode não parecer verdade, mas é. O vereador Capela Novas (PPS), experiente no Legislativo, autor de ideias consideráveis, esta propondo que algum próprio ou logradouro municipal receba o nome de Aquífero Guarani. Sim você leu certo. É isto mesmo. Na falta de algum falecido recente para denominar logradouros, o Guarani serve. Cabe a pergunta: o aquífero está morto?
FALTA DE PROJETOS
Propostas como estas devem refletir a falta de projetos para serem votados. Na sessão desta quinta-feira, 6, estão na pauta nove projetos. Quatro deles têm parecer contrário da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e três denominam logradouros públicos ou próprios municipais. E assim caminha o Legislativo desta linda cidade.
DOIS, E SEM PARECER
Na sessão de terça-feira, dia 4, dois projetos foram listados, mas ficaram sem parecer da Comissão de Constituição e Justiça e não foram votados. A “sorte” dos vereadores foi a presença do secretário da Administração, Marco Antônio dos Santos, no local, o que deu um pouco de vida à reunião.
CONVOCAÇÃO
Falar em secretário da Administração, o projeto de resolução para que ele seja convocado novamente não entrou na pauta de votação desta quinta-feira. Parece que a Casa deu uma recuada depois de passar um certo recibo de pouca inteligência.
ELE DISSE
"O futuro de Ribeirão o senhor vai discutir de outra forma"
Walter Gomes (PR), presidente da Câmara Municipal, ao vereador Maurício Gasparini, que tentava ampliar o leque de perguntas ao secretário da Administração, Marco Antônio dos Santos, para "discutir o futuro de Ribeirão"