Campanha dos (partidos) escondidos

Campanha dos (partidos) escondidos

Parece haver muito mais para esconder do que para mostrar nessa campanha de meu Deus de 2016

Essa campanha pela prefeitura de Ribeirão Preto anda meio cômica, esquisita e até meio idiotizante. Pois não é que tem um candidato que é coligado do partido da prefeita Dárcy Vera, o PSD, e faz questão de fazer de conta que nada tem a ver com esta Administração Municipal, que além de mal avaliada agora é acusada de desonesta?.

O candidato, aliás, faz questão de criticar o PMDB, que agora é aliado de um adversário, mas que não “largou o osso” do governo municipal, cujos representantes se fizeram presentes e até discursaram no lançamento de sua pré-candidatura. Além do peemedebista Silvio Martins na superintendência da Cohab, o único vereador do partido na Câmara, Cícero Gomes da Silva, é apontado pela Operação Sevandija como um dos padrinhos de vários cargos públicos, incluindo os de empresa terceirizada.

Já o acusado de ter um vice do PMDB, tenta reduzir a importância da coligação que, quando interessou, foi supervalorizada. E ultimamente o candidato passou a “esconder” outros partidos que o apoiam e até recebem apoio financeiro de sua campanha. Insiste em dizer que são sete, quando são 12. Há sete na coligação majoritária, realmente, o mesmo que o de seu principal adversário.

Há, no entanto, cinco que aparecem em coligações proporcionais e que o apoiam. Senão não faria sentido que o candidato a prefeito doasse R$ 169,74 aos candidatos a vereador das nanicas legendas, como aparece nos registros de candidatos do PMN, PMB, PTN, PRP e PSL, como aparece no site oficial do Tribunal Superior Eleitoral.

É estranho que um candidato se esforce tanto para esconder quem o apoia. Trata-se de uma ingratidão sem tamanho, para dizer o mínimo. Ou devemos duvidar das informações do TSE?

Mas são muitos os candidatos. Passemos para outros. O que acusa o adversário de ter muitos partidos bem que poderia já ter trazido vários benefícios do governo estadual que agora promete. Afinal, não é de hoje que ele é aliado do governador. Na sua coligação há também uns ex-aliados da prefeita Dárcy Vera na eleição passada.

Este não está escondendo partidos. Mas se esforça pra garantir que nada deve das acusações que lhe imputam, incluindo, para isso, a utilização da credibilidade do seu candidato a vice-prefeito.

Já um candidato que disputou a eleição pelo PT em 2012, e que recebeu cerca de R$ 3 milhões do partido de Lula para sua campanha à época, hoje se compara ao juiz Sérgio Moro, principal responsável pela operação Lava Jato, que investiga o governo federal. Vai entender.

Há ainda um candidato comunista que faz uma campanha levinha, toda colorida, onde o vermelho é o que menos aparece. Nem de longe lembra o vermelho do comunismo ou a luta do sindicalismo do qual o candidato faz parte.

Já os quatro partidos menores vão tocando suas campanhas em defesa de suas ideologias e sabem que pouca chance têm. Cabe então discutir propostas que dificilmente serão colocadas em prática, mas que merecem o debate, mesmo que apenas em período eleitoral.

Com tantas acusações, respostas, desmentidos e esconderijos de partidos e coligados, o eleitor fica confuso e sem saber quem está dizendo a verdade. Não há problema, porque os candidatos não estão mesmo muito a fim de explicar, mas apenas de obter votos. E nem tem tanto interesse em seus partidos. Caso contrário os divulgava.

PROMESSAS ESTAPAFÚRDIAS
Para a Câmara a situação é um pouco pior. Tem candidato a vereador prometendo programa para cuidar dos pés de quem tem diabetes, há quem defenda a redução do preço da passagem de ônibus urbano e até uma candidata que, pasme, promete lutar pela melhoria da umidade do ar de Ribeirão Preto. É de entontecer.

SEM SABER
Muitos candidatos à Câmara Municipal sequer têm ideia do que faz um vereador. Acham que vão poder fazer tanta coisa, quando na verdade as decisões que mais afetam a vida da população são tomadas pelo Executivo. E ainda tem candidato (à reeleição) que fala que mandou recapear ruas. Deve ser por isso que deixou de fiscalizar a prefeita. Dá licença.

PARA ENGANAR
Mas não é defeito que candidatos a vereador não saibam seu papel. Tem deputado com vários mandatos nas costas que pensa que faz parte da sua rotina a conquista de verbas do governo estadual. Quem recebe favores do Executivo não o fiscaliza. É impossível servir a dois senhores. Aliás, qualquer parlamentar sério já teria brigado para acabar com as tais emendas parlamentares. Uma porta escancarada da promiscuidade entre Executivo e Legislativo.

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