Campanha ou roteiro de filme?

Campanha ou roteiro de filme?

Bom, já faz mais de 15 dias que o ex-governador pernambucano e candidato a presidente da República Eduardo Campos (PSB) morreu, sua candidata a vice-presidente, Marina Silva, assumiu a candidatura e já conta com uma considerável margem de intenções de votos, ficando em segundo lugar e com chances de ir ao segundo turno.


É neste momento que é possível imaginar que as eleições deste ano pode se transformar em um bom roteiro de cinema. Principalmente se Marina Silva vencer a eleição, como aponta a possibilidade de pelo menos uma pesquisa, que a coloca como favorita em um eventual segundo turno.

Senão vejamos: Lá em 2010, Marina Silva chegou aos 20 milhões de votos sem a estrutura que movimenta os grandes partidos. Com o PV ela conseguiu ficar com o honroso terceiro lugar na corrida presidencial, o que a credenciou a uma nova disputa, com grandes chances.

Há um ano, no entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao não validar parte das assinaturas de apoio à criação da Rede Sustentabilidade, deixou Marina sem a única condição de disputar uma eleição: a falta de um partido político.

Foi então que ela decidiu ir para o PSB de Eduardo Campos, com um discurso de que não seria candidata a nada, mas que apenas apoiaria o nome do neto de Miguel Arraes. Pois o tempo passou, desmentiu o discurso da ex-senadora e a levou a ser candidata a vice.

O acidente que matou Eduardo Campos deve ter sido por demais dolorido a seus partidários, notadamente a Marina Silva, que vinha convivendo com ele mais intensamente nos últimos meses. Mas deu também a oportunidade de viabilizar uma candidatura que estava descartada.

Assim, uma eventual vitória de Marina Silva para presidente é algo que pode render um ótimo roteiro para a ficção imitar a realidade. Afinal, não é sempre que histórias como essa acontecem.

Isso porque candidatos não vivem se arriscando como pilotos de corrida de automóvel. Vivem viajando de avião, que é um meio de transporte bastante seguro. O candidato titular tinha apenas 49 anos de idade. Mas morreu diante de hipóteses improváveis.

Agora é possível imaginar, por exemplo, se a Rede Sustentabilidade tivesse sido criada e Eduardo Campos não tivesse morrido. Marina poderia ser apenas mais uma candidata no páreo, com uma estrutura partidária muito menor que a do PSB. E provavelmente menor ainda que a que teve no PV em 2010.

E não teria a menor chance. Pois é.

QUAL REDE?

Soa estranho quando candidatos a deputado do PSB afirmam que são candidatos da Rede. Isso porque oficialmente o tal partido não existe. Nem na clandestinidade como os partidos de esquerda durante a ditadura militar. Mais estranho deve ser para o PSB, que se sente invadido por pessoas que estão usando o partido sem qualquer compromisso de nele ficar.

ACOMODADO, EU?

O candidato a vice-presidente da República Beto Albuquerque (PSB), disse com todas as letras que não entrou para a política para se acomodar. Que poderia ser candidato à reeleição de deputado federal e mais uma vez ser o mais votado de seu Estado, o Rio Grande do Sul. Mas preferiu não se candidatar. O político já foi deputado estadual por dois mandatos e está no quarto mandato de deputado federal. Não está acomodado não.

AVIÃO DE CARREIRA

Com o imbróglio que se tornou o caso do avião que caiu matando o então candidato a presidente Eduardo Campos, a sucessora na disputa, Marina Silva, tem utilizado avião de carreira para percorrer o País. Em Ribeirão Preto, por exemplo, ela chegou em um voo da TAM e foi a última passageira a desembarcar para não atrapalhar os demais passageiros. Isso significa que além da espera, perderá tempo extra em embarques e desembarques.

GIRA MUNDO

Política tem destas coisas. Marina Silva já chegou a ser uma das figuras políticas mais rejeitadas pelo setor sucroenergético, por sua defesa ao meio ambiente. A maioria dos representantes do setor torcia o nariz para a ex-ministra. Hoje, quem diria, é praticamente a candidata preferida do setor e única na disputa a visitar a Fenasucro, maio feira do setor no mundo. Mudou a candidata ou se acomodou o setor?

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