Cobertores curtos

Cobertores curtos

Avançamos duas dezenas de dias de 2015. Tempo mais que suficiente para digerir informações iniciais do novo ano e, com base nelas, prospectar o que pode vir por aí nos próximos 11 meses.

O que mais se percebeu nestes primeiros 20 dias é que os cobertores do governo, em seus três níveis, estão curtos. Que a oferta de recursos está longe de ser capaz de atender à demanda de obras, equipamentos e serviços.

Logo nos primeiros dias de seu novo mandato, a presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou o corte orçamentário de R$ 18 bilhões e jogou a conta para os contribuintes, trabalhadores ou empregadores.

Assim quase que simultaneamente o governador Geraldo Alkmin (PSDB) anunciou cortes no orçamento de R$ 6 bilhões, com a certeza de reflexos no atendimento ao contribuinte paulista.

Mais uns dias se passaram e a prefeita Dárcy Vera (PSD) também anunciou sua intenção de promover economia de 20% nas contas de custeio do governo. Tarefa dificílima, porque o percentual não é pequeno.

Mas as três medidas tem o objetivo de apontar no mesmo horizonte. Há escassez de recursos públicos. Isso demonstra que o setor privado está produzindo menos, vendendo menos e, logo, pagando menos impostos.

Se o mercado está girando menos, as vagas de empregos são menores e/ou menos atrativas do ponto de vista financeiro. Com ganho menor (ou sem renda), o trabalhador vai depender mais do governo, também em seus três níveis.

A primeira coisa que vai embora com o desemprego ou renda reduzida é o plano de saúde, com a migração imediata para a rede pública. Na sequência, o contribuinte deixa de suportar as contas da educação, com transferência de filhos para escolas públicas.

Então, a tendência do cobertor que cobria até as canelas parar no joelho, ou um pouco acima dele. Será então uma ginástica cobrir custos crescentes com receitas decrescentes.

Mas o governo (também em seus três níveis) sempre tem uma gordurinha ainda não queimada. Por isso é preciso exercitar. Basta planejar melhor, economizar e transferir recursos entre secretarias, serviços e programas. Puxar o cobertor para um lado e para outro.

Afinal essa tal falta de recurso não é nova. Nem é privilégio deste ou daquele partido ou governante. E o País sempre sobreviveu. Então esse aperto é só mais um que também vai passar. E outros virão...

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