Com apoio, sem defesa

Com apoio, sem defesa

Vereadores da situação praticamente ignoraram a ação de improbidade sofrida pela prefeita

A sessão da Câmara Municipal desta quinta-feira, 25, não se transformou no que muitos esperavam: um palco de ataques e defesas à prefeita Dárcy Vera (PSD), que enfrenta uma ação civil pública por improbidade administrativa com liminar parcial concedida pela justiça.

Coisas de ano eleitoral. Vereadores da oposição até falaram da tribuna sobre o assunto, sem muita ênfase. Já a base aliada ignorou. Vereadores que sempre defenderam a prefeita, muitas vezes aos brados, não se dignaram a usar a tribuna para uma palavra sequer.

A maioria da casa, que vota sempre com o Palácio Rio Branco, preferiu o sepulcral silêncio. Instados por jornalistas, alguns vereadores preferiram emitir suas opiniões apenas com a garantia de anonimato. Publicamente, nem pensar.

“É difícil defender a prefeita numa situação dessas”, disse um vereador da base aliada. Outro achou que não seria o caso de falar do assunto, porque já há ação na justiça e que é melhor esperar o resultado.

Único a falar sobre o assunto e a criticar a posição do promotor Sebastião Sérgio da Silveira, autor da ACP, foi o vereador Samuel Zanferdini (PMDB). Mas ele não criticou o trabalho do promotor, mas o fato de ele emitir opiniões em entrevistas.

“Cabe à Justiça julgar. Ele não pode ficar fazendo ilações, emitindo opiniões”, comentou o vereador. A afirmação ocorreu em função de uma declaração do promotor de que a permanência da prefeita no cargo prejudica a continuidade da investigação.

Zanferdini, que também é delegado de polícia, também considerou que o principal fato que levou ao ajuizamento da ação – um saque feito no IPM pela Prefeitura em 2013 -  já teve acordo firmado e, talvez, não merecesse tanta importância, porque pode não se configurar o dolo.

No mais os vereadores se calaram. Tocaram a sessão como se nada estivesse ocorrendo com o envolvimento da prefeita e de sua administração na cidade. Um fato, no mínimo, muito estranho.

EMENDA DAS CONTAS
Um dos apoiadores da emenda à Lei Orgânica do Município (LOM) que adia a votação das contas anuais dos prefeitos apenas no final do ano (logo, após qualquer eleição), o vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB) disse que não vê problemas em votar as contas antes, como prevê a lei hoje, em prazo de 180 dias. Mas a intenção da Casa é adiar a votação para não manchar a imagem de parte dos vereadores.

FAVORÁVEIS E CONTRÁRIOS
As contas anuais da prefeita Dárcy Vera (PSD) de 2012 e 2013 estão com parecer contrário do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Mas os vereadores podem rejeitar os dois pareceres e aprovarem as contas. A aprovação depende do voto de dois terços – 15 – dos vereadores. É exatamente o número de votos garantidos que o governo municipal tem na Câmara. Nenhum governista pode ficar doente no dia, já que a oposição tem os outros sete votos, certamente contrários à prefeita.

APOIADOR
Cícero Gomes diz que mesmo se a votação for anterior às eleições de outubro ele vota contra o parecer do TCE e a favor da prefeita Dárcy Vera. “Fiz um levantamento dos últimos 45 anos e nesse período nenhum prefeito teve suas contas rejeitadas”, disse. Não se pode negar que o vereador é um político de coragem e que não teme tomar a decisão. Só não dá para entender porque, então, ele assinou a emenda que adia a votação.

MATAGAL NA ROTATÓRIA
A chegada a Ribeirão Preto pela rodovia Atílio Balbo – Sertãozinho, pontal, Barrinha, Jaboticabal, Pitangueiras – revela ao visitante uma imagem bem feia da cidade. Uma praça rotatória, onde um totem informa ao visitante que ele está chegando à Capital Nacional do Agronegócio, está imersa no mato. Aliás até parte do totem está coberta. Estava assim em novembro, chegou assim no Natal, passou pelo carnaval. Há torcida para que não chegue na Páscoa com a mesma aparência.

Foto: Silvia Morais

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