‘Comitês’ oficiais rejeitados

‘Comitês’ oficiais rejeitados

Os gabinetes de vereadores poderiam se transformar em salas de distribuição de material de campanha eleitoral, mas houve recuo

Num lampejo de bom senso, misturado com medo de retaliações e um pouco (muito pouco mesmo) de respeito ao eleitor, a Mesa Diretora da Câmara reavaliou uma bobagem iniciada e recuou do seu desejo de oficializar campanhas eleitorais em gabinetes dos vereadores. Seria o escárnio ao vivo, se utilizar de estrutura pública para tais fins.

Na verdade o bom senso foi a parcela mínima. Ou o teriam antes de propor o projeto. O que levou ao recuo foi mesmo o temor da imagem negativa (arranhada, suja) exposta. Afinal a imprensa começou a repercutir a tentativa já antes de sua conclusão. E os vereadores podem ter ousadia de sobra, mas também lhes resta um pouco de medo da rejeição.

Mas uma parte deles sempre tentará contra os que obedientemente vão as urnas e neles depositam o voto. Só para levar à risca um velho ditado espanhol que diz: “Por que me odeias se ainda não te ajudei?”

É por isso que a gente nunca pode pensar que sabe tudo, viu de tudo. Há muita tentativa de rasteiras ainda por vir dessa classe cuja maioria perdeu o crédito e insiste em inventar formas de ficar ainda mais desacreditada. Coisas em que o diabo duvida.

Mas o primeiro susto já passou. Pode ser que a proposta volte fora do período eleitoral (parece ser esta a intenção) para valer para as próximas eleições. É algo bastante provável. Mas estaremos de olhos bem abertos.

E não é por ser contra este ou aquele vereador. Nem indisposição com quem já tem mandato, porque há alguns (não muitos) que merecem continuar. Porém sempre a favor de uma disputa um pouco equilibrada entre os concorrentes.

Isso porque não há como se obter o equilíbrio total quando um detentor de mandato de vereador pode fazer muitos “favores” aos eleitores. Muito embora isto esteja bem longe de suas principais funções e que muitos deles querem mesmo é que o eleitor pense diferente.

É por isso que se chega a uma frase do vereador Coarucci Netto (PSD), com mandato desde 1989, ao se referir aos valores que alguns conseguem investir em suas campanhas eleitorais, sem considerar outros possíveis privilégios.

“Somos convidados para uma corrida entre a Câmara Municipal e o RibeirãoShopping. Mas alguns dão a largada defronte ao prédio da Recreativa, ou ainda mais para frente, na esquina das avenidas 9 de Julho e Presidente Vargas”, costuma dizer Coraucci.

Se fizerem campanhas em seus gabinetes, os vereadores candidatos à reeleição terão a largada para a corrida na esquina das avenidas Presidente Vargas com João Fiúsa. Ou não?

POKEMÓNS?
Sobre a proposta de se permitir as campanhas nos gabinetes, o advogado Wilson Rogério Picão Estavão comentou que falta pouca coisa acontecer na Câmara. Uma delas seria um projeto para permitir a caça de pokemóns no prédio do Legislativo. A ideia não é nova. Em São Paulo já houve a proposta, mas com a intenção – boa – de fazer com que os “caçadores” conheçam a Câmara e assistam às sessões.

ESTACIONAMENTO
Nos estacionamentos de repartições públicas é proibida a permanência de veículos com adesivos de candidatos. Na Câmara, no entanto, é comum veículos de vereadores permanecerem estacionados ao longo do dia com grandes adesivos de propaganda.

DISPUTA
A disputa eleitoral, cada vez mais acirrada – são mais de 20 candidatos por cadeira da Câmara – tem levado a formas cada vez mais específicas de divulgação de nomes. Uma das estratégias mais comuns é deixar carros adesivados estacionados em locais de grande tráfego de veículos. As proximidades do estacionamento da Câmara é um dos locais.

TRANSPARÊNCIA?
Há tempos os equipamentos da TV Câmara estão sucateados, em prejuízo às transmissões das sessões ordinárias e reuniões de comissões que ocorrem na Casa. Agora a Câmara tem fotógrafos contratados e não câmeras para eles trabalharem. Pode não ser intencional, mas depois de tantas reclamações dos próprios profissioanais, a impressão que se tem é que a direção do Legislativo quer mesmo é que os equipamentos não funcionem bem para que os telespectadores desistam de assistir neste período eleitoral.

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