
Deslizes (sérios) de um debate ao vivo
O debate entre sete presidenciáveis transmitido ao vivo pela TV Globo na noite de quinta-feira, 2, e madrugada desta sexta-feira, 3, mostrou alguns deslizes que podem até comprometer o desempenho de seus autores nas urnas, no domingo.
Bem naquela máxima de que se diz bêbado o que foi pensado sóbrio, num debate ao vivo, sem chance de cortes, também se diz com os nervos à flor da pele o que se pensa com a calma da cabeça no travesseiro.
O primeiro deslize foi protagonizado pela presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição. Questionada sobre corrupção, respondeu que nunca varreu pra debaixo do tapete e que determinou investigações.
Mas no final saiu-se com essa pérola: “acho que todo mundo pode cometer corrupção. Corruptos há em todos os lugares”. E jogou todos no mesmo tacho. Incluindo os pobre coitados que recebem o Bolsa Família.
Levy Fidélix foi o mais afiado nas gafes. Acusou adversários de defender a utilização das drogas e sofreu forte crítica da candidata Luciana Genro. Quando teve a chance devolveu: “venha aqui que vou lhe enquadrar”, na maior deselegância.
O pastor Everaldo, defensor da família e dos bons costumes, se mostrou perdido no momento de perguntar a Aécio Neves sobre Previdência. Mandou o adversário falar sobre o tema. O marqueteiro do tucano deve ter ficado com medo de perder o posto para o pastor.
Falar em tucano, Aécio Neves foi deselegantíssimo ao levantar o dedo para Luciana Genro, que revidou na hora.
Marina Silva não deslizou muito. Mas cometeu um erro que vem cometendo ao longo da campanha ao apontar Dilma Rousseff como despreparada por não ter sido nem vereadora. A presidente retrucou que qualquer brasileiro pode chegar à Presidência.
Teve ainda um “depois da hora” de Marina Silva e Dilma Rousseff, que ignoraram o final do tempo de permaneceram em debate.
Além de criticar a Globo na sala da emissora, Luciana Genro disse que Fidélix deveria ser preso por homofobia e, acusada de fazer apologia ao uso de drogas, disparou: “Eu não estou aqui fazendo aplogia à maconha, ao crack, ao lexotan, ao rivotril”.
De resto, sobrou um William Bonner meio perdido, trocando as bolas de vez em quando, as ironias de um ou outro, apesar do semblante de nervosismo.
Foi, no entanto, um debate importante, onde os candidatos puderam mostrar, mesmo que levemente, o que realmente pensam, sem o olho clínico de um bom editor de programas.